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"Não tenho tempo para ler" - dizem-me alguns com os olhos infelizes,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que eu tenho tempo para ler.
Quando me dizem: "Não tenho tempo para ler"
e eu olho-os, e nos meus olhos lassos também há ironias e cansaços quando lhes digo "compreendo-te bem". Pois que eu sou a primeira a saber o que é não ter tempo. Não tenho tempo para jogos no facebook, não tenho tempo para ver telenovelas nem casas de segredos, não tenho tempo sequer para ter tempo para fazer uma manicure que leve mais do que 10 minutos... pois, sei bem o que é não ter tempo...
Tempo para comer é outra coisa. Sempre acabamos por comer. Podemos até saltar uma refeição, passar só com uma sandes ou um iogurte, é certo, mas sempre comemos. Tempos há, com menos tempo, é certo, em que leio um livrinho-sandes, ou passo os olhos por duas páginas de uma maçã, mas sempre acabo por ler. Assim, se fazem os meus tempos para ler, como as refeições: ora de repasto demorado, desde entradas a café e aperitivo; ora de uma sandocas de pronto-a-comer.
É a magia do tempo, um tempo que se desdobra em tempos, que vamos criando à medida das nossas vontades.