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Escrevo em frente a esta janela rasgada para a serra. Eu e a minha solidão, reforçada pelo silêncio dos miúdos que dormem, reforçada pelo silêncio da tua ausência. Hoje a minha solidão tem um companheiro forte, que se anuncia em todos os momentos, que me faz tremer de expectativa - o vento. Hoje, pela sua força, temo que o vento arrebate uma qualquer parte da serra. Não pára. Enche todo o meu silêncio.
...aqui, deste lado da montanha.
Já algum tempo que isto se vem repetindo: sempre que o maridinho está de serviço a Pompinhas adoece ou fica com febre ou eu não consigo dormir ou fico indisposta. Agora, com esta barrigana grande, já estava a ficar um pouco assustada a imaginar que a noite iria ser terrível.
O dia foi... grog... nem sei explicar. Um ataque de sono tão grande que tive de dormir a sesta de manhã e de tarde (ainda bem que estou de baixa, caso contrário adormecia nas aulas). Fui buscar a Pompinhas e, assim que chego a casa, começa uma tal tempestade: chuva, trovoada, falhas na luz ... e no Panda! Claro que não é fácil explicar-lhe tudo isto. Anda à minha volta a lamuriar-se que tem medo, que o Papá não está em casa, que vem o escuro... E eu a ver mais uma noite sem dormir, sem luz, mas com muita água...
Depois de uma breve passagem pelo quarto das princesas, para uma brincadeira de distrair, sempre acompanhadas da lanterna, a chuva pára e a trovoada ouve-se já muito longe. Já só há vento.
E a noite??! Uma maravilha. Sem espinhas. Dormir, dormir, dormir. Apenas dois sobressaltos: uma melga, que assassinei depois de uma longa caçada, porque o caçador oficial das melgas cá da casa não estava; e a mensagem do Bi às três da manhã preocupado connosco, porque aquilo lá pela Ota estava fogo, ou melhor, água... Parece que a tempestade fugiu daqui para lá.
Sobrevivemos todos a mais um serviço, mas o maridinho chegou há pouco e teve de ir dormir.