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Imaginem só... começar este meu regresso aos braços do meu blog não para escrever de amigos, nem de amores, nem de escola, nem de livros, nem de poetas, ou músicas, ou boa vida, mas, antes e apenas, de Cristiano Ronaldo.
Cristiano a propósito de Saramago. E até a expressão parece um pouco estranha. Julgava que os dois nomes na mesma oração eram qualquer coisa próxima do paradoxo.
Vem Cristiano a propósito de Saramago, porque na sexta-feira se festejou o dia do nascimento de José de Sousa Saramago e eu, fazendo uso da minha faceta adoradora do escritor, lá fui tentando convencer uns e outros que não se pode dizer que não se gosta de um escritor, sem ter lido, pelo menos, três livros dele, ou julgar um escritor pelas suas ideias políticas, ou por duas coisas que disse à imprensa... o costume, enfim.
Foi já hoje, no entanto, que comecei a pensar nisso e no que vi, ouvi, ou, tenho quase a certeza, li, uma vez acerca de algo semelhante que Cristiano Ronaldo tinha dito. Procurei na net e foi fácil encontrar:
"As pessoas que me chamam de arrogante me interessam, não todas, mas a maioria. Um dia gostaria de sentar ao lado delas e conversar com elas para ver porque me acham arrogante. Elas não me conhecem de forma verdadeira".
Tais palavras não poderiam ser mais dirigidas a gentinha como eu. Primeiro, porque para lá da minha "simpatia", que até já tive oportunidade de declarar pelo jogador aqui no blog, sempre disse a quem me quisesse ouvir que gostaria de me sentar ao lado dele e conversar com ele para ver porque é que ele parece tão arrogante e, depois, percebi claramente que não o conheço de forma verdadeira.
Assim, antes de fazer mais qualquer outro julgamento, vou, pelo menos, ver três jogos inteirinhos dele e fazer um like na página oficial do rapaz, para poder mudar de opinião, que é o que verdadeiramente interessa quando se tem opiniões, como defende uma amiga minha que nunca vem ler o meu glog. Mais tarde conto o que fiquei a conhecer de Cristiano Ronaldo.
...aqui, deste lado da montanha.
Adivinhem só por que é que eu acho que a prova final de Língua Portuguesa era, nem fácil, nem difícil, nem sequer assim-assim, apenas, e só, linda??!!
Vá lá, adivinhem!
Dou-vos uma pista...
...aqui, deste lado da montanha.
Terminei o último-segundo livro de Saramago. O que é que eu posso dizer? Que tanto quanto saramago se recordava, tinha coisas que já tinham que ver com o seu modo de ser. É bom, a adivinhar o ótimo.
Gosto muito de um livro quando fujo para ler o final, às escondidas, querendo e evitando. Ah!Sensação mais boa! Desde sempre foi assim. Estava a fazer algum recado á minha mãe, ou a ajudar na cozinha e, de repente, escapava-me para o quarto para ler uma página, só uma, prometia-me eu, mas só os gritos da minha mãe me faziam parar. À noite, esperava que todos tivessem adormecido, acendia as luzes e lia, lia, lia...
...aqui, deste lado da montanha.
Coisas estranhas que me aconteceram hoje: descobri que gosto do meu telemóvel novo, que é mesmo novo e não uma sobra qualquer do marido, e que custou mais de 40 euros; usei o telemóvel para algo mais do que receber/enviar sms e receber/fazer chamadas.
De forma menos estranha, e utilizando o telemóvel novo , enquanto a miúda estava na piscina, consegui ouvir Pilar del Rio a falar do maravilhoso Saramago e a confirmar-me o enorme poder que tinha sobre as palavras. Na "Prova Oral", programa da Antena 3 que ouço desde há mil anos, sempre que posso, esta senhora disse algumas verdades tão cruéis como "levantem o cu das cadeiras e façam alguma coisa pelas vossas vidas", "os portugueses só têm um bem, um património, uma fonte de rendimento; não têm indústria, nem agricultura, apenas, e só, uma coisa em que são bons: a cultura (amabilidade como nenhum outro povo, águas limpas, paisagens maravilhosas, e isto também é cultura...); depois, utilizou uma frase de Saramago que eu já conhecia, mas de que não me lembrava, e que muita gente devia seguir: Existem duas super-potências no mundo - os Estados Unidos e tu!
Ah! Esquecia-me que entre as coisas estranhas que me aconteceram hoje, frequentei (primeiro dia ) uma acção de formação tão boa, tão boa, tão boa, que no meu blog estou a escrever sobre telemóveis...
...aqui, deste lado da montanha.
Um ano decorrido, ainda não encontrei novas palavras para substituir as tuas, apenas e só porque as tuas palavras eram tuas e as arrumaste à tua maneira, e me tonaste dependente delas.
...aqui, deste lado da montanha.
Detestei o primeiro livro que li da primeira vez (depois disso já o reli 2 vezes e já o estudei-ensinei umas quantas).
Pus de lado, decidida a não gostar do autor, a dizer que não gostava do autor, mas, felizmente, uma amiga daquelas amigas que dizem coisas que nós nunca haveremos de esquecer na vida e que haveremos de dizer muitas vezes a outras amigas, disse-me que só se gosta de um autor, ou não, depois de se lerem três obras dele - e toma lá três livros do Saramago que é para veres se gostas ou não...
Comecei a ler, pensando a cada página, não hei-de gostar, não hei-de gostar. Na página cinquenta estava rendida. Não parei enquanto não li os três livros, e depois mais três, e depois mais três, e depois mais três. O último que li dele foi Caim.
Gosto de Saramago, daquela escrita que me provoca, que me arranha as ideias, que me faz pensar, que me faz discutir. Ah! Que belas discussões eu tive com os meus alunos por causa de Saramago! Quantos o foram ler à procura da audácia que eu li nas suas palavras!
Hoje, Saramago junta-se a Eça e a Pessoa.
...aqui, deste lado da montanha.
Já ultrapassei plafond do mês para os livros... Mas, QUERO ESTE, please:
"a Bíblia é um manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana"
José Saramago
E continuo a encontrar quem não compreenda porque aprecio a escrita de Saramago...