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Não sei como os piores dias da vida de alguém podem resultar num momento de felicidade tão grande como o nascimento de um filho, mas foi isso que aconteceu comigo. No dia em que tive um momento para respirar, e escrever o meu último post, o Rafael achou que era hora de nascer, porque adivinhava as melhoras da irmã.
Foi talvez o parto mais inesperado de todas as possibilidades que ao longo destes nove meses imaginei. A angústia que me atormentou durante os dias que estive internada com a minha princesa foi dando lugar a um sentimento de esperança, por vê-la a recuperar, e ao mesmo tempo a uma espécie de descontracção que antecedeu o nascimento do Rafael.
Depois de almoço, o Bi disse-me que vinha a casa buscar roupa (uma vez que graças à gentileza da equipa de Pediatria, estávamos os dois a acompanhar a Pompinhas, prevendo já o nascimento do Rafael a qualquer momento) e eu achei que era melhor ele não vir porque não me estava a sentir muito bem: indisposta e com umas dores, como tinha sentido já anteriormente - podiam ser ou não mais um falso alarme.
Às seis da tarde começaram a intensificar-se as contracções e eu deitei-me, tal como me mandara fazer o obstrecta, para saber se elas passavam. Não passavam. Continuavam a aumentar. Às sete horas a copeira foi ao quarto levar-me a senha para jantar e como me viu assim, disse-me que talvez fosse melhor subir ao piso da Obstetrícia para ser observada, mas, como estava com receio de que fosse falso alarme, disse apenas ao Bi que me estava a sentir com mais contracções e fui jantar. Confesso que as dores se intensificaram de tal modo que apenas comi um prato de sopa.
Depois lavei-me, arranjei as coisas que tinha no hospital, separei as roupas e os sacos e fui perguntar como se ia da Pediatria para a obstetrícia. Mais uma vez, a enfermeira foi genial e mandou a copeira comigo. Esta senhora, de quem não sei o nome, veio comigo às urgências fazer a ficha, levou-me lá acima, recomendou-me à enfermeira e esperou por mim, até saber o que ia acontecer. Quando entrei, não havia nenhum médico de serviço, mas, por sorte, estava lá a enfermeira Ana, que era quem estava lá na sexta-feira passada e quem tinha feito o parto da Sofia Miguel. Ela disse-me logo que estava destinada a ser ela a fazer também este parto porque ia ficar a fazer noite e eu já tinha 3 dedos de dilatação. Depois perguntou-me se eu queria ficar já numa cama ou se preferia vir até à Pediatria e aguardar que chegasse algum médico. É claro que eu quis ir dar um beijinho na Sofia Miguel e contar ao meu amor que o Rafael ia nascer. Eram nove horas quando a enfermeira me observou e até às nove e meia estivemos os três deitados de mãos dadas a tentar que a Sofia adormecesse para o Bi poder ir ter comigo.
Como as dores se foram intensificando, fui subindo e liguei apenas à Di a contar-lhe o que se passava. Às dez horas e quinze minutos, finalmente, apareceu uma médica que me viu e que, por insistência da enfermeira Ana, lá me fez um toque e viu que já estava com 4 dedos de dilatação. A enfermeira deu-me um clister, mas, quando fui à casa de banho apenas senti uma água a escorrer e as dores a intensificarem-se e não consegui fazer mais nada. A enfermeira levou-me para um quarto de dilatação e disse que já dava para me dar a epidural, e neste momento entra a médica e diz que me faltavam umas análises para a epidural... Eu, nesse momento, pensei que tudo ia correr mal. A enfermeira pediu as análises, com urgência, e achou que era melhor ver se o Bi já tinha chegado para me fazer umas massagens.
As contracções eram cada vez menos espaçadas e mais dolorosas e, de repente, entrou a enfermeira Ana e eu disse-lhe que elas eram cada vez mais próximas e ela disse que já tinha metido uma cunha para as análises serem mais rápidas e depois olhou para mim e perguntou se eu tinha vontade de fazer força, disse-me "tenho de a ver", "já não vai dar para fazer a epidural", "tenha calma que o momento expulsivo não custa"... E eu só pensava que ia tudo correr mal, porque estava com tantas dores.
Fui para a sala de partos a andar para ver se o meu bebé descia um pouco mais e quando me deitei comecei logo a fazer força. O Bi segurou-me na mão e dava-me força para eu continuar. A certa altura a enfermeira disse-me para parar e, quando eu olhei para a auxiliar que estava ao meu lado, senti que alguma coisa não estava bem. A enfermeira Ana mandou-me fazer força uma última vez e disse "pronto, já cá está", mas eu só via a auxiliar a esfregar uns pézinhos todos roxos e a dizer "vá, bebé, vá!". Nem mo mostraram. Levaram-no logo para trás de mim. Procurei os olhos o Bi que não parava de olhar para trás de mim enquanto me dizia que eu tinha conseguido. Eu perguntei-lhe se estava tudo bem e ele disse-me que sim, mas eu sentia que não. Perguntei se ele tinha visto o bebé a respirar e ele suspirou forte e disse que sim, mas eu sei, agora, que só neste momento ele tinha visto o peito dele a encher-se de oxigénio, com a ajuda do pediatra. O meu pequenino nasceu com uma circular toráxica e, talvez por isso, só chorou (respirou) mais tarde e não assim que nasceu.
Entretanto o pediatra, que por coincidência era o pediatra da Sofia, disse que estava tudo bem e, na primeira consulta do Rafael até explicou que a situação é mais frequente do que pensamos e pouco preocupante, mas que foram (mais) uns momentos de angústia, lá isso foram...
É claro que, hoje, em casa, com os meus dois filhotes e o meu amor, todo este sofrimento parece longínquo, mas as recordações destes dias que antecederam o parto e os momentos do parto foram sofridos. Agora só quero estar com os meus amores e chorar estas horas, porque ainda não tive tempo para chorar. Quando as lágrimas levarem estas tristezas, sei que só haverá lugar para a imensa felicidade que sinto.
Tudo pode acontecer durante uma gravidez que se esperava mais ou menos tranquila. Assim, dou por mim internada às 39 semanas e meia, com a minha princesa que tem uma pneumonia.
Depois do susto dos quarenta de febre, do sangue na expectoração e da oxigenação insuficiente, bem como da angústia de a qualquer momento o Rafael nascer e eu ter de deixar a minha Pompinhas, finalmente, uns momentos de calma, porque ela parece estar a melhorar...
Conta-se com o amorzão papá, com a simpatia da equipa de pediatria que tem sido super-simpática e com o apoio dos que gostam de nós...
Na quinta-feira, dia 29, lá fui, eu e a minha barriga, à consulta com a minha GO. Faço um CTG e, às tantas, ela vai lá "visitar-me" e dizer-me que está muito admirada por eu ainda ali andar de barriga.
Depois do CTG (com contracções, sim senhora), ela faz-me o toque e pergunta: "quer ter o bebé hoje ou amanhã?". Espanto-me e ela diz: "tem dois dedos de dilatação e o colo baixo, nasce hoje ou amanhã. "
- Ah é?
- Sim, se estivéssemos num hospital, em três ou quatro horas eu despachava-a. Assim, vá para casa e fique com tudo à mão para ir para maternidade, porque de amanhã não passa...
Lá saio eu, telefono ao Bi e ele, claro!, vem a correr para casa e deixa as aulas. Eu vou dizendo que tenho um mau-estar na barriga, uma espécie de pré-dores de período, como aconteceu com a Pompinhas, mas dores fortes, nada! Telefono também à Di, porque ela queria que eu lhe desse notícias, mas, para evitar um segundo falso alarme, disse-lhe que não era preciso vir.
À noite aparece a Di com a minha mãe. Não querem perder pitada, mas eu continuo confortavelmente instalada no meu sofá. Se estiver deitada, não se passa nada. Se me levanto, dói-me a barriga.
Durmo optimamente, mas no banho sai um muco ensanguentado, e, depois de uma manhã bastante dorida e com bastantes contracções, lá vamos à tarde à maternidade saber se tinha havido evolução. Depois de duas horas de espera , comento com o Bi que estou a sentir-me cada vez melhor e as contracções parecem estar a desaparecer(???).
O médico que está de serviço faz-me mais um toque: "tudo muito atrasado!" (???), mas vou fazer um CTG: nada de contracções (???).
O médico, espectacular, lá me explica tudo com muita paciência. Estou numa fase de pré-parto, em que todo o corpo se está a preparar. As dores são da pressão que a cabeça do Róquinhas faz, o muco é resultado do toque, as contracções são de preparação e uma maneira de as distinguir é deitar-me de lado (se me deito de lado e desaparecem é porque não são AS contracções).
Vá para casa e volte cá daqui a uma semana!
Confesso: estou obcecada com o nascimento do Róquinhas. Angustiada, preocupada, ansiosa. Talvez este estado seja normal, chegadas as 38 semanas de gravidez, mas, como da Pompinhas não passei por isto, estou a sentir-me paranóica. Por isso, tomei uma decisão: Não vou querer saber mais nada sobre partos, normais e induzidos e apressados e fáceis e difíceis, e maternidades e hospitais, e pesos e tamanhos dos bebés, e contracções e rolhão mucoso e rompimento das águas... NÃO QUERO SABER! Vou tentar recuperar as minhas teorias de "o meu corpo e o meu bebé é que sabem" e tentar viver estes últimos dias para lá desta ansiedade.
Nesta caminhada da gravidez, quero chegar a o outro lado da montanha, mas vou ter que voltar atrás. Este não era o caminho certo. A partir de agora, vou procurar um trajecto mais conciliador comigo e com os meus amores.
É QUE EU QUERO-TE TANTO
NÃO SABERIA NÃO TE TER
É QUE EU QUERO-TE TANTO
É SEMPRE MAIS DO QUE EU TE SEI DIZER
MIL VEZES MAIS DO QUE EU TE SEI DIZER, MIL VEZES MAIS DO QUE EU TE SEI DIZER
Vou ouvir música com o meu bebé!
Falso alarme!
Resultado do CTG: contracções, sim senhor, mas nada de parto...
Colo fechado e alto. Vá para casa.
À espera dos dez minutos...
Neste momento estou sentada no sofá ( o grande amor da minha barriga) à espera das contracções de dez em dez minutos...
Estou com contracções, mas sem dores(!) , de vinte em vinte minutos, desde o meio dia. Telefonei à GO que me disse para esperar pelos dez minutos e só depois ir para a maternidade. OK.
O maridinho já chegou numa corrida e anda aqui à minha volta: então?então? já tens outra? que horas são? vamos embora?... Acho que ele não quer mesmo perder este parto, como lhe aconteceu da Pompinhas, mas, entretanto, já o fui preparando, dizendo-lhe que pode ser um falso alarme, que ainda pode demorar, para ver se ele se acalma.
Acabei de telefonar à Di, para ver se ela pode vir cá ficar com a Princesa. Queria vir já da Escola para cá. Com a colega a quem dá boleia e tudo... Doiditos apressados.
Eu, como acho que aqui em casa é que estou confortável, e como até estou sem dores deixo-me estar mais um pouco...
Ao meio dia telefonei à minha mãe, para saber como temperava as azeitonas (experiência para contar noutro post), e ela disse-me que tinha sonhado que o Rafael nascia hoje. Será??
Estamos todos à tua espera, meu amor.
Às vezes acho que até estas contracções são ansiedade... Agora alternam entre os doze e 25 minutos.
Vou embora.
Desejem-me sorte!