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Maternal_mente orgulhosa

por Ni, em 25.02.15

E, quando chegada a casa, tomados os lanches, acabados os trabalhos de casa, a tua filha vai para o quarto dançar e o teu filho vai para o quarto brincar às histórias com os carrinhos e heróis imaginários, só podes sentir-te imensamente orgulhosa por vê-los crescer sem estarem completamente dependentes da televisão, ou de ecrãs de qualquer tipo que lhes fritam os cérebros e os transformam numa espécie de zombies formatados pelos "Grandes Irmãos".

Nenhum programa de televisão, nenhum jogo informático, por mais educativo que seja, será alguma vez tão bom como a própria imaginação!

Agora, desculpem lá!, vou ali dançar um bocadinho com a miúda e criar uns caminhos secretos na floresta inventada do miúdo...

...aqui, deste lado da montanha.

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manhãs de domingo

por Ni, em 28.04.13

Aborrece-me estar sozinha. Adoro estar a sós comigo e, no entanto, aborrece-me estar sozinha. Tanta hora sozinha. Tanta hora é tempo demais a pensar! 

 

Estou com os meus filhos, mas é como se estivesse sozinha. Ao contrário do que se diz (odeio frases feitas!), estar com os meus filhos é estar sozinha, porque são meus filhos, e isso chega, não são meus amigos, colegas, conhecidos. É estar sozinha, sem a possibilidade de estar a sós comigo, porque eles não deixam (não se calam, os meus filhos) e porque eu não posso (mãe, quero comer! mãe, quero vestir as calças! mãe, quero fazer um desenho! mãe, não quero comer mais! mãe, não quero estas calças! mãe, não sei dos meus lápis de cor!...). 

 

Preciso de férias dos meus filhos. Preciso do meu fim de semana a dois, e não a quatro, nem a seis, sete ou oito. Preciso de namorar! E preciso de viajar. Preciso tanto de viajar... sem os meus filhos.

 

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Há sete anos atrás, eu estava num apartamento frio e húmido, emprestado temporariamente, numa terra estranha e nova, onde não conhecia nem o caminho para o supermercado, sozinha, enquanto esperava o final dos 30 dias que faltavam para a minha filha nascer. Há sete anos atrás, eu fui sozinha à maternidade, para que a médica me mandasse para casa, pois que era muito cedo e ainda faltava um mês... há sete anos atrás, eu voltei a ir sozinha à maternidade, guiando um carro cujos solavancos e acelerações marcavam as contrações da condutora. Há sete anos atrás, por volta da meia noite, a médica mandou-me o marido para casa e mandou-me dormir pois que ainda era muito cedo e só lá para o final do dia de amanhã ou, quem sabe, depois, porque eu é que parecia a mais apressada...

E poucas horas depois a minha filha nasceu. O pai não chegou a tempo. O pai não estava presente, nem a minha mãe, nem a tia, nem o gato. Foi assim como tinha de ser. Eu e ela. 

 

O nascimento da minha filha marcou uma mudança tão grande na minha vida, que eu costumo dizer que não mudei nada na minha vida, apenas mudei de vida... 

Não sou nada o género de pessoa para dizer que a minha vida é os meus filhos. Não consigo. Então o que é que eu faço aos trinta e um anos que vivi antes deles? Esqueço? Escondo debaixo do tapete? Gosto de pensar que a minha vida é cheia de os meus filhos, e o meu amor, e a minha família, e os meus amigos, e a minha casa, e as minhas coisas, e os meus livros, e o meu trabalho, e os meus alunos. Tanta coisa!! 

 

No entanto, mudei de vida, sim. Por ser mãe, eu não sou diferente. Por ser mãe, eu sou outra.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Maternal_mente

por Ni, em 03.12.12

Desiludo-me. Os dias têm-se sucedido mais ou menos iguais neste sentimento que se vem apoderando de mim. Não sou uma boa mãe, não sou uma boa mãe, não sou uma boa mãe... Esforço-me imenso para me contentar com as birras dos meus filhos, com as gracinhas dos meus filhos, com a dependência dos meus filhos, com a autonomia dos meus filhos. Mas não consigo. E sinto remorsos e tristeza, porque no meu esforço para que tudo nos meus filhos me seja suficiente cada vez entendo melhor que isso nunca me é suficiente. Quero sempre mais, quero sempre o que está para lá dos meus filhos, ainda que sempre, sempre, com os meus filhos. É como se tivesse a certeza que aquilo que eu sou para lá do que se resume a ser mãe é muito mais e melhor do que ser apenas mãe. E isso, que eu sou para lá do que se resume a ser mãe faz de mim muito melhor mãe.

 

Desiludo-me. Todos os dias. Invejo as mães descomprometidas, sem dúvidas, sem receios, incondicionais, a toda a hora, a toda a hora. 

 

E, no entanto, quem poderá dizer que eu amo menos os meus filhos por viver fragmentada, tentando encontrar-me no quotidiano como mãe?

 

... aqui, deste lado da montanha.

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O outro lado de ser mãe

por Ni, em 28.06.12

Estou triste. Não exclusivamente por mim, mas por uma amiga. Não tenho jeito para as palavras, elas atropelam-se e dizem sempre outra coisa do que quero dizer. Escrever é mais fácil. E não, não me enganei no título. Não quero falar de amizades, nem tristezas, mas, outra vez, desta descoberta constante de ser mãe. 

 

Há o amor desmedido, incomensurável, sempre, inquestionável, inabalável. E, depois, há o outro lado de ser mãe: a culpa.

Ser mãe é ser incapaz de viver para lá dessa sensação de talvez, de dúvida, de incerteza, de culpa. Esta coisa que nos assalta, assombra, a propósito de tudo, desde sempre.

 

Se o meu filho é agitado, bebi café demais durante a gravidez;se tem cólicas, comi laranjas durante a amamentação; se é pequenino, dou-lhe comida a menos; se é gordinho, dou-lhe comida demais; se está constipado, não lhe pus o casaco; se está constipado, não lhe tirei o casaco; se esteve internado com varicela, não tive cuidado; se o médico o medicou mal, eu levei-o ao médico; se tem alergias, dei-lhe ventilan a mais; se tem falta de ar, não lhe dei ventilan suficiente... 

 

Na verdade, são dois lados de um mesmo amor. Quem ama preocupa-se, questiona-se, culpa-se. Por isso, embora uma mãe julgue sempre que a sua culpa é única, ela é, apenas, a maior. Porque há outras culpas, já que há outros amores...

 

Na verdade, fizeste o que estava certo, levaste-o ao médico. Na verdade, não há erro. Na verdade, não há culpa, ou então há uma culpa partilhada: minha, dos avós, dos tios, dos amigos. A culpa do outro lado do amor. E isso não se devia aprender só quando se é mãe, o Aviador ensinou ao Principezinho que, quando cativas alguém, sabes que "te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Eu também sou responsável pelo teu filho.

 

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Para lá do amor

por Ni, em 04.05.12

Não depende de mim. Não está nas minhas mãos. Apenas acontece ser desta forma. Nestes dias não há nada que eu possa fazer. Qualquer coisa que eu tente fazer, eles exasperam-me. Gritam no café. Sentam-se com os pés em cima das cadeiras. Zaragatam por causa de uma batata frita. Molham-se na casa de banho. Despejam os cremes no bidé. Fazem xixi pela casa fora. Atiram com a roupa ao chão. Fazem birras na loja. Sujam-se com tintas. Riscam os meus livros. Lutam por um lugar no sofá... A sério... nunca mais é hora de irem dormir {#emotions_dlg.sad}!

 

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Longe de mim

por Ni, em 04.04.12

Tenho acordado assim, longe de mim, vendo a minha vida à distância, pensando que preciso de estar sozinha, querendo a solidão dos dias sem filhos. Vontades de silêncios, de banhos longos, de pensamentos ininterrompidos. Desejos de cafés à beira-mar, sem falar, a fumar cigarros-cigarros, sem medo de adoecer,porque lhes faço falta, a beber sangrias de espumante com os pés na areia quente, sem medo de sol a mais nas cabeças, chapéus a menos nas cabeças, protetores solares a menos nas caras, frio a mais nos pés, fome a mais nas barrigas, água a menos nas bocas... Longe de mim, à distância, preciso de dormir, sem acordar de duas em duas horas, para me aproximar de mim...

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Tempos de mãe

por Ni, em 03.02.12

Estranho esta noção do tempo estranho em que as horas se emaranham por entre febres, antibióticos, hospitais, refeições fora de horas. As horas vão desfilando com a ansiedade de saber quanto tempo passou desde o último ben-u-ron ou o último brufen. Os minutos passam lentos entre toalhas molhadas no corpo e máscaras de ventilan... 

Olho o relógio e são cinco horas da manhã e continuo a velar, atenta à respiração, sonolenta, atenta à febre, sonolenta, atenta... e acordo assustada sem saber quantas horas passaram, o que aconteceu durante o meu sono, não devia ter dormido. Olho o relógio e são cinco horas da manhã e três minutos...

 

...aqui, deste lado da montanha.

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SABEDORIA MATERNAL

por Ni, em 04.01.12

1964:

 

"Certas crianças são sensíveis às frieiras e estão-lhes particularmente expostas no Inverno. As duas principais causas do mal é a passagem brusca do frio ao calor e à humidade. Procure, portanto, que os seus filhos enxuguem bem as mãos depois de as ter lavado e que não exponham as mãos frias diante da chama de um fogo ou do calor de uma braseira. A título preventivo, muna-se de luvas de lã suficientemente largas para restabelecer o afluxo do sangue. Aplicações de óleo de fígado de bacalhau dãos bons resultados contra as frieiras: mas, para combater completamente estas últimas, convém fazer seguir à criança, sob prescrição médica, um tratamento geral, à base das vitaminas essenciais."

 

Lembro-me muito bem da sensação dolorosa das frieiras nas mãos e, até, nos pés. Agora, se calhar, os miúdos já não têm frieiras. Passam o tempo todo fechados dentro de casa e fechados na creche, nem tem oportunidade de sofrer mudanças de temperatura. Às vezes penso que os meus miúdos mal apanham o ar da rua: casa, carro, escola, escola, carro, piscina ou ginásio, carro, casa... É por isso que estão sempre doentes, com bronquiolites e pneumonias... falta de ar!

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SABEDORIA MATERNAL

por Ni, em 03.01.12

1964:

 

"Não é verdade que a maior parte das crianças nasça à noite. As estatísticas negam tal fato. As crianças podem nascer a qualquer hora, especialmente de dia. Apenas, os partos noturnos são mais lembrados, porque a hora por si só acarreta mais dificuldades e rouba algumas horas de sono amais na família.

 

A alimentação saudável e controlada pelo especialista, muitas horas de sono e roupas folgadas e confortáveis, proporcionarão maior bem-estar à gestante, fazendo com que ela não sinta muito a passagem dos dias que antecedem ao grande acontecimento da sua vida."

 

Das duas uma: ou as estatísticas mudaram desde 1964, ou eu sou exeção às estatísticas - uma criança, às cinco da manhã, outra, às onze e meia da noite. Só malta da noite! Quanto à passagem dos dias, as gravidezes é que mandam. A minha primeira foi sete-sóis e a miúda nasceu às 36 semanas, num parto que teve tudo de bom; a minha segunda foi sete-luas e o miúdo nasceu às 39 semanas, num parto que teve algumas coisas más...

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