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Escuridão

por Ni, em 16.05.11

Depois de mais uma noite de Urgências (até às cinco da manhã), a tentar que o meu bébucho conseguisse respirar - estava com hipoxemia-, percebo que, infelizmente, os procedimentos são cada vez mais familiares, as pessoas reconhecem-me nos corredores, os médicos falam comigo como se eu fosse da área... no entanto, nada me habitua à falta de ar, ao sufoco, aos choros e lamentos, nada me prepara para o eventual internamento... Sei que esse é o caminho acertado, mas é um caminho escuro, negro, solitário. 

 

...aqui, deste lado da montanha.

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4 dias depois

por Ni, em 04.01.11

4 dias. 4 dias são suficientes para extinguir qualquer vestígio de otimismo face ao novo ano. Em 4 dias vejo as minhas expetativas caírem, serem derrubadas, afundarem-se-se em febres, termómetros, ben-u-rons, antibióticos, pneumonia. Até poderia ultrapassar tudo isto se fosse comigo, mas com o miúdo... só consigo pensar que é um mau princípio do ano.

...aqui, deste lado da montanha.

 

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Rendo-me...

por Ni, em 12.12.10

Se há coisa que me irrita profundamente são ideias feitas, chavões do senso-comum e, pouco teimosa como sou, todos sabem bem disso..., luto afincadamente contra tudo o que é frase generalista, que qualquer estranho nos diz na rua, ou qualquer melhor amigo nos diz no sofá da nossa casa. Assim, eu deveria estar aqui a bradar bem alto que, desculpem lá, rapazes e raparigas é tudo a mesma coisa, que tudo depende da educação/personalidade da criança, que os gostos por bonequinhas/bolinhas só depende do que se lhes dá... eu deveria estar aqui a contestar todos as falsas razões que tenho ouvido nos últimos dias com estes meus, tão sábios, argumentos.

 

Não fosse o raio do miúdo gostar de andar de mota antes de conseguir dar um passo, não fosse ele ter dito bó, logo a seguir a dizer mamã e papá (por esta ordem), não fosse ele ter cinco pontos na cabeça ao fim dum ano, não fosse ele querer abrir os legos com a chave de fendas para descobrir o que está lá dentro, não fosse o raio do miúdo nem pestanejar durante o jogo de futebol do padrinho, não fosse ele querer atirar-se para cima de tudo o que pareça carro, mota ou bicicleta, e eu até poderia argumentar. Deste modo, resta-me apenas a triste realidade: é de gajo!

 

Não me surpreenderia que amanhã ou depois deixasse as meias no meio do chão e a toalha molhada em cima da cama...

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Coisas boas da vida

por Ni, em 05.12.10

Vejo a chuva atirada contra os vidros da janela, ouço o vento nos ramos da pequena oliveira do jardim, adivinho o frio do lado de lá das portas, mas aqui dentro, com a lareira acesa, os miúdos atarefam-se a escolher bolas, a atirá-las ao ar, a estender fitas, a colocar estrelas. Nós dois brindamos com um bom vinho, olhamo-nos, sorrimos, tentamos preencher os minutos em que não temos tempo, apenas não temos tempo. Ouvimos músicas de Natal, enquanto a miúda tenta perceber o que são aqueles bonecos de barro, porque é que o burro está ao pé do bebé, diz "coitadinho, não tem roupa" e nós sorrimos e os nossos olhos dizem que apenas não temos tempo, e que somos felizes.

De repente, as urgências e a ambulância já estão longe, os pontos na cabeça do miúdo lembram-nos, apenas, a sua traquinice e podemos respirar um pouco aliviados, porque há instantes que valem horas.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Nada de especial

por Ni, em 17.11.10

O meu menino anda adoentado. Nada de especial: tosses, espirros, expetoração, nariz entupido, mas, na verdade, uma nada de especial que consegue deixar-me desorientada.

Levanto-me de hora a hora porque ele não consegue respirar muito bem e chora. Às vezes, limpo-lhe o nariz com soro, e ele detesta e chora, outras vezes, limito-me a mudá-lo de posição. Um nada de especial que me interrompe constantemente o sono e me faz acordar rabugenta (mais ainda do que o normal), com pouca vontade de trabalhar e, à noite, quando, finalmente!, os despacho -  banho, jantar, pijamas, história - já só tenho ânimo para me atirar para cima do sofá e deixar-me adormecer.

A roupa parece invadir todos os cantos da casa e amontoa-se no estendal, nos cestos, na tábua de passar. Os objectos parecem ganhar vida própria e colocam-se na minha passagem, desleixados, atirados. Enfim, vamos sobrevivendo graças à solidariedade do papá que dorme um bocadinho melhor e nos faz o jantar.

Agora, vou ali atirar-me ao sofá e rezar para dormir mais do que uma hora seguida.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Amores

por Ni, em 04.11.10

Amei-te antes de existires, amei-te antes de te ver e, no momento em que senti o bater do teu coração junto ao meu peito, esse amor começou a aumentar e, hoje, é um amor sem conta nem medida.

 

Vêm-me à cabeça pedaços de versos que transformo para serem teus:

 

Amo-te, assim, perdidamente ...
És alma, e sangue, e vida em mim
E digo-o cantando a toda a gente!

 

E o mais espantoso é que se, hoje, escrevo para ti, porque te celebro, estas palavras não são isentas de um outro tu.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Natal (tenho andado ocupada...)

por Ni, em 04.01.10

 O NATAL foi como imaginado, a família, blá, blá, blá, e a confusão misturada com a alegria e blá, blá, blá, a emoção da Pompinhas ver o Pai Natal, blá, blá, blá, e o primeiro Natal do Róquinhas, com blá, blá, blá, mas, este ano, em casa da Di. Houve blá, blá, blá, mas entre blá, blá, blá, A DI E O BRUNO VÃO CASAR.

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Felicidade

por Ni, em 20.11.09

 E hoje sou, apenas, felicidade. Sem mais palavras, sem mais comentários ou considerações. Apenas... felicidade.

 

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Parto

por Ni, em 17.11.09

 Não sei como os piores dias da vida de alguém podem resultar num momento de felicidade tão grande como o nascimento de um filho, mas foi isso que aconteceu comigo. No dia em que tive um momento para respirar, e escrever o meu último post, o Rafael achou que era hora de nascer, porque adivinhava as melhoras da irmã.

 

Foi talvez o parto mais inesperado de todas as possibilidades que ao longo destes nove meses imaginei. A angústia que me atormentou durante os dias que estive internada com a minha princesa foi dando lugar a um sentimento de esperança, por vê-la a recuperar, e ao mesmo tempo a uma espécie de descontracção que antecedeu o nascimento do Rafael.

 

Depois de almoço, o Bi disse-me que vinha a casa buscar roupa (uma vez que graças à gentileza da equipa de Pediatria, estávamos os dois a acompanhar a Pompinhas, prevendo já o nascimento do Rafael a qualquer momento) e eu achei que era melhor ele não vir porque não me estava a sentir muito bem: indisposta e com umas dores, como tinha sentido já anteriormente - podiam ser ou não mais um falso alarme.

Às seis da tarde começaram a intensificar-se as contracções e eu deitei-me, tal como me mandara fazer o obstrecta, para saber se elas passavam. Não passavam. Continuavam a aumentar. Às sete horas a copeira foi ao quarto levar-me a senha para jantar e como me viu assim, disse-me que talvez fosse melhor subir ao piso da Obstetrícia para ser observada, mas, como estava com receio de que fosse falso alarme, disse apenas ao Bi que me estava a sentir com mais contracções e fui jantar. Confesso que as dores se intensificaram de tal modo que apenas comi um prato de sopa. 

Depois lavei-me, arranjei as coisas que tinha no hospital, separei as roupas e os sacos e fui perguntar como se ia da Pediatria para a obstetrícia. Mais uma vez, a enfermeira foi genial e mandou a copeira comigo. Esta senhora, de quem não sei o nome, veio comigo às urgências fazer a ficha, levou-me lá acima, recomendou-me à enfermeira e esperou por mim, até saber o que ia acontecer. Quando entrei, não havia nenhum médico de serviço, mas, por sorte, estava lá a enfermeira Ana, que era quem estava lá na sexta-feira passada e quem tinha feito o parto da Sofia Miguel. Ela disse-me logo que estava destinada a ser ela a fazer também este parto porque ia ficar a fazer noite e eu já tinha 3 dedos de dilatação. Depois perguntou-me se eu queria ficar já numa cama ou se preferia vir até à Pediatria e aguardar que chegasse algum médico. É claro que eu quis ir dar um beijinho na Sofia Miguel e contar ao meu amor que o Rafael ia nascer. Eram nove horas quando a enfermeira me observou e até às nove e meia estivemos os três deitados de mãos dadas a tentar que a Sofia adormecesse para o Bi poder ir ter comigo.

Como as dores se foram intensificando, fui subindo e liguei apenas à Di a contar-lhe o que se passava. Às dez horas  e quinze minutos, finalmente, apareceu uma médica que me viu e que, por insistência da enfermeira Ana, lá me fez um toque e viu que já estava com 4 dedos de dilatação. A enfermeira deu-me um clister, mas, quando fui à casa de banho apenas senti uma água a escorrer e as dores a intensificarem-se e não consegui fazer mais nada. A enfermeira levou-me para um quarto de dilatação e disse que já dava para me dar a epidural, e neste momento entra a médica e diz que me faltavam umas análises para a epidural... Eu, nesse momento, pensei que tudo ia correr mal. A enfermeira pediu as análises, com urgência, e achou que era melhor ver se o Bi já tinha chegado para me fazer umas massagens. 

As contracções eram cada vez menos espaçadas e mais dolorosas e, de repente, entrou a enfermeira Ana e eu disse-lhe que elas eram cada vez mais próximas e ela disse que já tinha metido uma cunha para as análises serem mais rápidas e depois olhou para mim e perguntou se eu tinha vontade de fazer força, disse-me "tenho de a ver", "já não vai dar para fazer a epidural", "tenha calma que o momento expulsivo não custa"... E eu só pensava que ia tudo correr mal, porque estava com tantas dores.

Fui para a sala de partos a andar para ver se o meu bebé descia um pouco mais e quando me deitei comecei logo a fazer força. O Bi segurou-me na mão e dava-me força para eu continuar. A certa altura a enfermeira disse-me para parar e, quando eu olhei para a auxiliar que estava ao meu lado, senti que alguma coisa não estava bem. A enfermeira Ana mandou-me fazer força uma última vez e disse "pronto, já cá está", mas eu só via a auxiliar a esfregar uns pézinhos todos roxos e a dizer "vá, bebé, vá!". Nem mo mostraram. Levaram-no logo para trás de mim. Procurei os olhos o Bi que não parava de olhar para trás de mim enquanto me dizia que eu tinha conseguido. Eu perguntei-lhe se estava tudo bem e ele disse-me que sim, mas eu sentia que não. Perguntei se ele tinha visto o bebé a respirar e ele suspirou forte e disse que sim, mas eu sei, agora, que só neste momento ele tinha visto o peito dele a encher-se de oxigénio, com a ajuda do pediatra. O meu pequenino nasceu com uma circular toráxica e, talvez por isso, só chorou (respirou) mais tarde e não assim que nasceu.

Entretanto o pediatra, que por coincidência era o pediatra da Sofia, disse que estava tudo bem e, na primeira consulta do Rafael até explicou que a situação é mais frequente do que pensamos e pouco preocupante, mas que foram (mais) uns momentos de angústia, lá isso foram...

É claro que, hoje, em casa, com os meus dois filhotes e o meu amor, todo este sofrimento parece longínquo, mas as recordações destes dias que antecederam o parto e os momentos do parto foram sofridos. Agora só quero estar com os meus amores e chorar estas horas, porque ainda não tive tempo para chorar. Quando as lágrimas levarem estas tristezas, sei que só haverá lugar para a imensa felicidade que sinto.

 

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Gravidamente XVI

por Ni, em 08.10.09

 Eu sei. Racionalmente, SÓ(!) engordei 9kg, estou óptima, é o ideal, estou elegante, estou linda, estou grávida, e mais não sei o quê, mas, emocional e objectivamente (a acreditar na objectividade do espelho do meu quarto e da minha balança), não páro de engordar (todos os dias), estou barriguda, tenho as pernas enormes, tenho montes (literalmente) de celulite e a minha forma física está de tal modo que há partes do meu corpo que já deixei de conseguir ver ou tocar.

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