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Nas férias havia as festas da aldeia: festa de Nª Srª de Não Sei o Quê, festa de São Não Sei Quantos, era o tempo das romarias com direito a procissão e roupa nova a brilhar e sapatos apertados a estrear. E eu detestava. Das missas que apanhava sempre no fim, seguidas das procissões de desfile de modelos emproados, aos almoços tardios cujo objetivo era trazer para a mesa todos os manjares que pudessem confirmar os tempos de fome ultrapassados, detestava tudo. Detestava os bailaricos em que, como numa montra, me obrigavam a ficar nas filas da frente, para que os rapazes pudessem do lado de lá escolher-me, acenar-me a perguntar se queria dançar. E sim, eu queria dançar, mas não ali, não com aqueles que me pediam para dançar, nunca aqueles. E eu a ir dançar, a contar os minutos para a música acabar. E, de novo, a esquivar-me para trás da primeira fila, para não me verem, por favor. Destestava os pés apertados, os pés a doer, a roupa nova esticada pelo bacalhau, pela xanfana, pelo leitão.
Nas férias, quando havia as festas da aldeia, gostava das colchas estendidas nas varandas, vermelhas, amarelas, azuis acetinadas ou brancas, tão brancas, das melhores rendas das casas. Gostava das pessoas que ficavam nas varandas a ver-nos desfilar, cá em baixo. Invejava-os. Os ricos que não tinham de desfilar os seus melhores fatos, que ficavam ali nas varandas a atirar pétalas de rosas às cabeças de barro dos santos que passavam.
...aqui, deste lado da montanha.
Nas férias há tasquinhas. Nas férias há feira da fava, do tremoço, do grelo, do vinho, do leitão, do diabo a quatro... e há tasquinhas. Tasquinhas de Lugar de Cima, de Lugar de Baixo, de Lugar do Meio e dos Outros Lugares.
E tu vais.
Sais de casa à hora que as pessoas saem de casa para ir jantar. Chegas ao Lugar das Tasquinhas, para jantar, pois claro! é normalmente o que se faz nas tasquinhas... Dás umas quantas voltas à procura de estacionamento (parece praga). Estacionas no meio de um terreno abandonado e arrependes-te duas ou três vezes de não ter comprado um jipe, de teres calçado sandálias nos miúdos, de teres levado saltos altos...
Na entrada do Lugar das Tasquinhas cobram-te 3 euros para entrar. Ah! mas tens direito a desconto de um euro no jantar. Ok! É estranho, mas cedes, já que chegaste até ali.
Paramos na primeira tasquinha. São nove e meia. Há gente amontoada à espera de vez. Damos o nome para a lista de gente que espera e resignamo-nos a... esperar. São dez e meia. Os miúdos não aguentam a fome. Vou à Tasquinha das Sobremesas e compro-lhes arroz doce. Esperamos ainda. Chegam pessoas depois de nós. Entram pessoas que chegaram depois de nós. Comem pessoas que chegaram depois de nós. Saem pessoas que chegaram depois de nós."Ah!porque vocês são muitos! É difícil mesa para tantos..." Bem, podíamos sempre ter mandado os miúdos ir comer ao restaurante, mas arriscávamo-nos a que quando chegássemos a casa entretanto estivessem... casados!
Quero lavar as mãos aos miúdos. As casas de banho são na outra ponta do recinto. Ali, onde está aquela fila de gente à espera. Homens, mulheres, crianças... Há rapazes encostados às paredes, sem paciência para esperar, enquanto a miúda reclama que mais valia ter nascido menino... Não há papel, mas imagino que isso seria pedir demais...
São onze e meia e finalmente vamos pedir. Como frango grelhado, a miúda come as ameijoas da carne de porco à alentejana (não gosta do resto), o miúdo come as batatas fritas dos bifinhos com cogumelos (tem sono), o marido continua à espera...
Vou buscar um café. Sim, porque nas Tasquinhas não se pode servir café! sabe-se lá porquê! Não se pode. tens de te levantar, sair da tasquinha, ir para uma bicha, tirar senha, esperar para seres atentida, pegar no café (em copo de plástico), levar para a outra Tasquinha (a sorte é que o marido ainda não comeu e posso sentar-me, ou teria de beber o café em pé - já vos disse que detesto beber café em pé? detesto!).
Uma da manhã, vamos comprar sobremesas à Tasquinha das Sobremesas, mas alguns fingem que ainda não acabaram de comer para podermos voltar e podermos comer as sobremesas... sentados... Pago 10 euros.
Pedimos a conta. São 35 euros. Mas nós não comemos azeitonas, e está aqui azeitonas. "Ah! e tal! é a gorjeta." ??? Mas nós não bebemos dois jarros de sangria, bebemos foi duas garrafas de vinho (mais baratas do que a sangria, por sinal). "Ah e tal! é para a gorjeta.
???"
A sério? Isto é possível??!!
...aqui, deste lado da montanha.
Atarefadíssima a preparar o aniversário da miúda e o, simultâneo, batizado do miúdo.
Optámos, novamente por um batizado menos que familiar, cingido aos pais, padrinhos e avós... Entre o 8 e o 80, continuamos a optar pelo 8, mais barato, mais rápido, mais simples, mais ao gosto da casa. Eu perdida me confesso, os batizados são coisas que não me dizem muito, mas dizem muito à maior parte das pessoas de quem gosto e, por isso, batizam-se as crianças. Se o faço só para agradar aos outros? Faço, sim. Aí está uma coisa que me dá imenso prazer, fazer coisas para agradar às pessoas de quem gosto!!
Ah, a propósito, alguém tem uma receita de um bolinho de aniversário bem bonito que possa ser feito em casa?? É que o rapaz não quer saber de bolo que não seja de chocolate, mas chocolate e batizado parecem duas palavras que não se dão muito bem. Pensei em chocolate branco, alguém tem??
...aqui, deste lado da montanha.
Ontem saí com uns colegas. Parecendo algo banal, que toda a gente faz, não consigo lembrar-me da última vez que saí com colegas, sozinha, entenda-se! É bom conhecer um pouco mais as pessoas com quem trabalho, para além daquilo que elas são no trabalho. Todos temos mais ou menos uma personalidade de trabalho que não corresponde necessariamente aquilo que se é enquanto pessoa. Como uma farda de trabalho. Sair da escola dá essa possibilidade, porque mesmo nos jantares dentro da escola todos te continuam a tratar por professor, falam de assuntos de professor, mantêm uma postura de professor.
Ontem, embora o tema principal tenha sido professores, e avaliação de professores , foi possível falar de outras coisas, afinar pontos... Uma das pessoas com quem saí está próximo de tornar-se minha amiga; outra reúne muitas condições para se tornar minha amiga; as restantes, pelo que conheço delas, não serão minhas amigas. Mas é essa impossibilidade que aligeira as situações. Não há um esforço de retorno. Numa amizade tens de estar lá, tens de corresponder, tens de alimentar a relação e, às vezes, muito, muito raramente, apetece não estar lá, não dar nada, apenas gozar a caipirinha e a música.
P.S. Também percebi que se me deitar mais tarde do que o costume, mesmo que seja porque me estou a divertir e não a tratar dos filhos, no dia seguinte os relatórios custam a escrever e demoro o dobro, triplo?, do tempo. A força do tempo...
...aqui, deste lado da montanha.
Chegou o Verão!
Pareço invadida por uma sensação que, imagino eu, se assemelha muito à dos emigrantes na hora de voltar ao seu país. Talvez seja, também eu, uma emigrante dentro do meu país e, embora indo com alguma frequência à(s) terrinha(s), acabo por ver entender o verão como a verdadeira "silly season".
Este ano, há, ainda, a marcar estes tempos de borboletas na garganta o grande acontecimento: o casamento da maninha!! Mas antes disso há a expofacic, a festa do Ramalheiro, a festa de Cordinhã, as férias no Algarve, os aniversários -com destaque para o do meu amorzão- e, sempre em stand by, o casamento, o casamento, o casamento... Que maravilha!!!
Porque é que, parecendo que não, acabo por gostar disto? Porque é tempo de rever amigos, encontrar colegas, visitar sítios, noitadas, jantaradas, roupas novas, cabeleireiros, conversas, animação, músicas, danças, sol e "el dolce fare niente", "el dolce fare niente"...
...aqui, deste lado da montanha.
Entre a febre que vem e a febre que desaparece, a febre que tem atacado, dia sim, dia não, a Princesa, que atacou o beberrucho, que me atacou a mim, sobrou, no essencial:
a minha mana a fazer-me imaginá-la linda de noiva, porque há mulheres assim: nasceram para vestir um vestido de noiva!! E não, ela não vai de chapéu de cowboy, mas não há sapos de véu...
a minha princesa linda vestida de sevilhana, embora ela diga que é a Branca de Neve(?). A avó acertou em cheio com o vestido comprido cheio de folhos; o pior é que, agora, quer usá-lo todos os dias...
a conversa boa, que pode muito bem ter criado uma nova "moda", no falar e no fazer: vira-te e esboracha-o!
o meu beberrucho que está cada vez mais cutchi-cutchi.
o meu amor, porque foi dia dos namorados e nós somos muito namorados, e não é só no dia dos namorados.
Caim e A sombra do que fomos acabados e Amor no rio das pérolas a começar.
Isto tudo, sempre, sempre, entre termómetros. Já estou farta! Mas, há sempre qualquer coisa boa para contar, como se vê.
...aqui, deste lado da montanha.
Eu nasci para ser rica, mas alguém se esqueceu de que preciso de dinheiro para ser rica. Assim, de vez em quando, sou assolada por riquice aguda e faço loucuras, como a que fiz hoje. Mas, pronto, o meu homem, como qualquer leão que se preze, até gosta, lá vai fazendo uma horitas extra para, quando tenho estas crises, colmatar a falta do dinheirito.
Amor, vais ficar a saber que aconteceu um fenómeno inexplicável e que, em vez do fim-de-semana no dia de não se sabe bem quando no hotel mais ou menos, vamos passar o fim de semana da Páscoa no CS Salgados.
Já está! Agora é esperar pelas consequências... Se eu não voltar a escrever nada no blog, é porque ele não gostou nada da ideia e está farto de uma mulher pobre com aspiração a rica.
...aqui, deste lado da montanha.
Há dois dias que acordo com a chuva a bater na janela do quarto, a temperatura máxima desceu cerca de 10 graus, não se vê o sol e, pelo contrário, o céu está cheio de nuvens. Definitivamente, chegou o Outono.
Agenda para um dia de chuva: arrumar a roupa de Verão, tirar dos armários a roupa de Inverno, colocar nas camas mais um cobertor. (À velocidade actual, isto leva para aí o dia todo...)
À noite, há jantarada na festa das Adiafas, com o pessoal do costume.
Ufa! Que dia tão cheio!!