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O outro lado do tempo

por Ni, em 01.05.14

Dizem-me "não tenho tempo para praticar desporto, não tenho tempo para um hobbie, não tenho tempo para estudar, não tenho tempo (imagine-se!!) para ler"... e eu, bem, eu parece sobrar-me tempo da falta de tempo que tenho.

Dizem "não tenho tempo para", como se não tivessem tempo para viver, quando a mim me parece que o tempo é todo, todo, para viver.

 

É verdade que às vezes julgo que os dias têm o dobro das horas. É verdade que as vezes pareço meio louca, apressada a enganar os minutos. Mas, no fim, são estes os bons dias vividos.

Entre um trabalho sem horários muito definidos, que se prolonga em reuniões intermináveis pela noite fora, entre os filhos na piscina, e na ginástica, e no parque, e na escola, entre as aulas de Mestrado em horário pós-laboral (o que é isso?), entre os dias em que sou mãe e pai e avó e avô e tia e vizinho, porque a família está longe, e o pai anda às voltas com o seu tempo, entre conversas de hospital e quimioterapia, entre as corridas de fugida no intervalo de dois tempos e as braçadas na piscina durante a aula de natação da miúda e o jantar que ainda tenho de ir comprar, entre uma página do último livro comprado e um amigurumi feito, desfeito e refeito, ainda encontro tempo para sentir o sol na pele... e é aí que o meu tempo se expande... entre o sol e os meus amores.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Definitivamente fiel

por Ni, em 11.03.13

Não gosto de coisas definitivas. As coisas têm o seu tempo, os gostos têm os seus tempos, as amizades têm os seus tempos... por isso, gosto de mudar a cor do cabelo, por isso, gosto de mudar os móveis de sítio, por isso, gosto de mudar de estilo; por isso, não gosto de tatuagens permanentes, por isso, não gosto de fazer sempre as mesmas coisas; por isso, não gosto de pessoas que não mudam.

 

Mas nesta inconstância pessoal, há coisas que vão ganhando a minha fidelização de uma forma que, até a mim, parece sufocante. Não falo de pessoas, entenda-se, porque amo os meus filhos eternamente,porque amo o homem da casa até que um de nós deixe de ser feliz,porque amo os meus amigos até que não suporte mais a desilusão de os amar. Assim, definitivamente, não falo de pessoas.

 

Coisas, apenas coisas: um desodorizante, um champô, umas canetas, coisas às quais me torno tão fiel que chego a desesperar quando desaparecem. E podem? Uma marca pode fazer isso? Se como cereais Speciall K há mais de 15 anos, não seria justo que quando alteram a sua fórmula, constituição, sabor, me perguntassem o que é que eu acho disso? E, sendo um produto, não poderia beneficiar de usucapião?? É que agora, todos os dias, durante todos os pequenos almoços, tenho de me ouvir reclamar que o raio do "novo sabor"  não presta para nada!!! Tenho a certeza que os senhores da Kelloggs se inspiraram na sopa da Mafalda...

 


...aqui, deste lado da montanha.

 

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Neuras

por Ni, em 29.06.12

Hoje é um bom dia para começar. Recomeçar. Partir.

 

O outro lado da neura é esta possibilidade, que se nos oferece, de mudar tudo, outra vez. Percorrer outro caminho, ainda que visando, sempre, o outro lado da montanha.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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O outro lado de mim

por Ni, em 04.05.12

O lado sombrio de mim talvez seja igual a todos os lados sombrios que querem avançar para lá do cículo seguro das regras invioláveis. Já houve uma altura em que quebrei regras e baixei os braços, mas, nessa altura, fui excessivamente infeliz. E isso resume toda a minha vida.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Mais uma vez lembro uma expressão que a minha mãe costuma usar: "pelos amores novos, esquecem-se os velhos". Vem  a propósito deste afastamento do blog e da internet. Já há algum tempo me andava a fartar das horas passadas em frente ao portátil: blog, email profissional, email pessoal, email da escola, facebook, blog da escola... mais uns comentários, e umas inter-conversas que me parecem sempre estranhas demais, e umas fotos, e umas ligações e, quando eu reparava, horas de ir dormir...

 

Ora, eu não sou muito dada a coisas que não resultam em nada, ou, pior ainda, resultam em relações estranhíssimas de afinidades extremas com pessoas que não te são nada e de silêncio abismal com pessoas que te são alguma coisa, por isso, resolvi que tinha mais o que fazer e fiz-me à vida, isto é, fiz-me ao crochet. Num mês, já fiz dois xales, um cachecol e mais não sei quantos quadradinhos para uma manta de retalhos para os miúdos... Eh! Eh! Estou mesmo apanhada!Até sou capaz de publicar aqui uma foto ou duas das minhas experiências.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Fio de Ariadne (1) ou clube bimby

por Ni, em 04.03.12

Nunca me senti inclinada a apreciar os proclamados benefícios da sempre dita maravilhosa Bimby. Nunca entendi a importância de uma máquina de cozinha, igual às outras máquinas de cozinha que não vão às compras, não selecionam as ementas, não descascam os legumes, não temperam a comida, não partem os ovos... Mas, tantos eram os benefícios aclamados aos sete ventos, por quem possui uma bimby, que eu estava a começar a hesitar entre o "levaram uma lavagem cerebral e agora são membros de uma seita que venera o deus bimby" e o "o mais provável é que a máquina seja mesmo boa e só não vê quem não tem (como alguém também já me disse)".

 

Hesitante, é certo, mas absolutamente segura de que não quero comprar a bimby, acedo a uma demonstração. 

 

1º pedem-me uma lista de ingredientes para fazer aquilo que percebo ser uma lasanha. Ora, sendo suposto a bimby ser um objeto para uso diário, não seria de esperar que fizesse pratos de todos os dias. É que eu faço lasanha duas, vá lá, três, vezes por ano... Eu gostava era de ver a bimby a fazer um arroz branco em menos tempo do que eu... isso é que se come cá em casa dia sim, dia não.

 

2º A demonstração tem início pelas 18:30 com uma entrevista sobre hábitos alimentares. Estive tentada a dizer que não me interesso minimamente por alimentação saudável, gosto de comer todos os dias a mesma coisa, adoro passar horas do meu dia já super preenchido na cozinha e, de preferência, gastar muito dinheiro... Que raio de hipóteses são estas? Haverá alguem a responder que não se importa minimamente se umas batatas cozidas custam 1 euro ou 10?

 

3º Tens três peças de fruta em casa, e chegam uns amigos para jantar, o que fazes para sobremesa?(Fácil, penso eu, um pudinzito boca doce, leite e já está... impossível não gostar). Fazes um sorvete. (Está um frio desgraçado, não fosse eu a mais friorenta das friorentas, e eu logo à noite vou ter como sobremesa gelo com fruta, começa mal...) 

 

4º Começa-se por moer o açúcar. Caríssimo no supermercado. Ótimo para utilizar em várias receitas... Ah é?! Nunca comprei... nunca usei. Mas isso sou eu que sou má cozinheira, decerto.

(já agora, sabiam que o açúcar também se pode picar na picadora e ficar com aquela consistência??)

 

5º Pica-se pão velho (não tenho pão velho, por isso pica-se o novo) com um ramo de coentros, que alguém teve de lavar e escolher, e alhos que alguém teve de descascar... não vejo o benefício. Aproveita-se o pão velho, muito bem, mas eu uso pão ralado uma, vá lá, duas vezes por ano. A última embalagem que comprei, tive de a deitar fora porque passou a validade.

 

6º Adorei a massa de pizza. Não pela pizza, mas porque fiz pãezinhos com salsichas, porque às 9 horas da noite ainda não se começara o jantar e as minhas crianças, até com a bimby, têm de comer. (Às nove e meia a minha filhota adormeceu no sofá, sem jantar...)

 

7º Pica-se cebola, e cenouras e blá-blá-blá e bolonhesa em 15 minutos (também eu e não sou bimby...) e podes cozinhar e fazer outras coisas ao mesmo tempo (isso é o que faço todos os dias, ou quando julgam que dou banho aos miúdos, ponho a mesa, preparo as coisas para o dia seguinte??...)

 

8º Ah e o tempo e tal. Jantamos às dez. 

 

9º E o dinheiro que pouparias nos iogurtes, dá para pagar a prestação de uma promoção (que, incrivelmente!, acaba depois de amanhã). À noite, antes de dormir, fazias os iogurtes, colocavas uma manta por cima, deixavas a repousar e, no dia seguinte, já está!

Socorro! Antes de dormir, eu tenho de arrumar a cozinha, deitar os miúdos, preparar a roupa para o dia seguinte, pôr roupa a lavar, preparar aulas... Não, não quero fazer iogurtes. Eu quero comprar os meus iogurtes. E, de preferência, ter cinco minutos para me sentar no sofá a não fazer iogurtes...

 

Acredito que a inexperiência da minha amiga que fez a demonstarção tenha influenciado fortemente a minha, agora, convicção de que a bimby é boa, muito boa mesmo. Fiquei muito, muito inclinada a comprá-la e serei, provavelmente, uma das primeiras pessoas a fazê-lo... quando ela custar o preço de um qualquer outro robot de cozinha.

 

...aqui, deste lado da montanha.

 

 

 

 

 

 

 

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Manias

por Ni, em 07.02.12

Gosto de ouvir as pessoas. Gosto, principalmente, quando me surpreendem com algo espantoso. Gosto que as pessoas me espantem. Gosto de pensar que alguém que não pensa como eu, também pensa bem, mais que  não seja, porque pensa. Gosto de pessoas que pensam. Não têm de ter a mesma opnião que eu e nunca, nunca, têm de dizer algo que eu já disse. Não há nada mais aborrecido do que uma pessoa que diz aquilo que já se disse, noutro momento, noutro dia. As nossas palavras na boca de outra pessoa têr um não sei o quê de criminoso. Deveria ser considerado plágio, até mesmo quando as pessoas só o fazem para nos agradar, porque, na verdade, nada me desagrada mais.

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Profissão: professor

por Ni, em 03.01.12

É bom voltar à escola, perceber que sentimos a falta de algumas pessoas e que algumas pessoas sentiram a nossa falta. Gosto disto.

É bom ver que os alunos vêm ter connosco, nos desejam bom ano, se riem para nós, e damos por nós a pensar que sentimos a falta deles. Gosto disto.

Mas isso, sou eu, que ainda gosto de ser professora.

 

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Ecos da memória

por Ni, em 08.07.11

Enquanto desfio as linhas dos relatórios-cogumelos que ainda tenho de fazer, há palavras que me aliciam para fugir da "Introdução- clarificação dos motivos...", que me desencaminham  das "Metodologias utilizadas", que dentro da minha mente vão soando "Amo-te, Flor!". Decidida, reflito sobre a mudança de práticas, mas de novo "Não me deixes, Flor!" 

Zango-me! Preciso mesmo de terminar este relatório! "Que eu me sinto em flor/Quando vivo em ti!" 

Não adianta. Desisto. Rendo-me. Tenho de as encontrar, tenho de vasculhar os papéis, porque elas chamam por mim, gritam-me. Não consigo concentrar-me com tanto barulho na minha cabeça. 

 

Num álbum antigo, descubro as palavras que não são minhas, recortadas em papel quadriculado amarelecido:

 

Amo o silêncio

do teu silêncio

quando em silêncio

me vens beijar.

 

Teu corpo azul

é mais azul

que o mais azul

azul do mar.

 

Amo-te, flor!

Não me deixes, flor!

Que eu me sinto em flor

quando vivo em ti!

 

Sinto saudades

de sentir saudades

por essas saudades

que ontem senti.

 

À sombra dos meus desejos, 

quem me dera naufragar.

Lava-me a boca com beijos

Leva-me para o alto mar.

 

Palavras adolescentes de um amor adolescente. Silêncio... Posso, enfim, voltar para os meus relatórios.

 

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O outro lado do lado mau

por Ni, em 06.07.11

Os meus dois, vá lá três, leitores sabem que eu não acredito em anjinhos nem em bruxinhas. Acredito que todas as pessoas têm um lado bom e um lado mau e, mesmo aquelas onde o lado mau é predominante (algumas só têm mesmo o lado esquerdo da unha do dedo mindinho bom), mesmo essas, por vezes, não são más intencionalmente. São más porque a vida a isso as obrigou, porque o feitio a isso as obrigou, porque nasceram más, porque querem ser mais do que as menos más... Por vezes, até, é uma questão de ponto de vista. Na verdade, nem gosto muito de gente boazinha. O que raio é isso? Gente tacanha e mole, incapaz de fazer frente a uma aragem.

 

Vem este discurso, cheio de verdades de la Palisse, a propósito de esta minha maneira de ser, total, completa e irremediavelmente, desconfiada. Sou desconfiada de toda a gente. Aliás, a par da teoria "não há pessoas completamente boas, não há pessoas completamente más", vem a teoria "ninguém é quem parece ser". No entanto, o que é surpreendente é que, cruzando as duas teorias, isto pode resultar numa boa surpresa e, no final, até vimos a verificar que o tal lado esquerdo da unha do dedo mindinho que julgávamos ser o lado bom é o lado mau, e o resto é o lado bom, mas está tudo camuflado com verniz.

 

Na Prova Oral de um destes dias, o Fernando Alvim dizia que detestava a internet e as redes sociais porque tudo era trabalhado com o fotoshop. Eu concordo inteiramente com ele. Toda a gente aparece nas suas melhores fotos, a dizer as melhores frases (quase sempre de outros), toda a gente é muito culta, muito esperta, muito linda!Mas esta é uma realidade com a qual lido bem e para a qual estou preparada; não lido bem, ainda, é com o facto de as pessoas usarem fotoshop na vida real.

 

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