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Profissão: professora

por Ni, em 27.01.15

Voltei à escola. Literalmente, entenda-se. Depois de uma semana de "quarentena", fechada em casa, com fugazes saídas para ir ao hospital e à farmácia, confesso que assim que cheguei à escola não corri para os meus alunos porque acho que eles iam ficar assustados. Mas não se livraram de uns abraços carregadinhos de saudades... logo de mim, que nem sou nada de abraços e sou toda "não me agarres que eu não gosto".

Será possível alguém gostar tanto assim de ser professora?

Logo hoje que as notícias sobre professores são, como já vem sendo hábito, desmoralizadoras, deixando a imagem pública dos que gostam de dar aulas (e são, ainda, tantos!) um bocadinho mais negra...

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Profissão: professora

por Ni, em 17.06.13

Sou professora. Gosto tanto, tanto da minha profissão. Gosto tanto dos meus alunos. Gosto tanto da escola, das salas de aulas, de ensinar, de aprender. 

Nunca tinha feito greve. Em dia de aulas não faço greve. Em dia de aulas ensina-se. Em dia de aulas, não se mandam os alunos para o recreio, antes da hora. Gosto tanto dos meus alunos. Por isso, não faço greve às aulas.

 

Hoje estou em greve. Porque gosto tanto da minha maltratada, malvista, malpaga profissão.

Que os alunos e os pais se preocupem, se indignem, se revoltem, se incomodem! Sim, por favor! Sim, por favor, reparem que os professores estão em greve...

 

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Objetivo: futuro

por Ni, em 27.03.13

Fui hoje a uma formação/demonstração da Microsoft, acerca das potencialidades do Windows 8 na educação e, sim, sim, estou a babar-me por aquelas coisas todas: surfaceoffice 365windows 8EDUC8, e quadros interativos, e mesas interativas... um mundo!

Há um milagre qualquer por detrás do avanço tecnológico a que assistimos diariamente, não é novidade, mas quando somos confrontados, cara a cara, com as possibilidades que o futuro nos oferece é FASCINANTE!Por momentos, julguei estar a viver numa outra dimensão.

E estive. Infelizmente as possibilidades que se nos oferecem são tão virtuais! Não temos escolas, nem alunos para que tudo possa isto possa vir a fazer parte da realidade. Os quadros são poucos, a maior parte das vezes estão avariados, ou as canetas, e os computadores são poucos e antigos; os alunos, bem, os alunos são uma ilusão. Todos acham que sabem tudo sobre internet, sobre computadores, mas o conhecimento que têm é como andar de bicicleta. Aprenderam a andar e pronto, fica por aí. Não sabem remendar um furo, não sabem como funcionam as mudanças, não sabem colocar a corrente no sítio... e muitos, quase todos, sabem tudo sobre facebook, não sabem nada sobre enviar uma fotografia num ficheiro; e muitos, quase todos, sabem tudo sobre escrever mensagens rápidas, não sabem nada sobre formatação de texto... Se precisam de o saber, não sei; mas que há um abismo entre os alunos que temos e os que imaginamos que temos, ainda que falemos de computadores, há!!

 

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Odeio reuniões

por Ni, em 20.03.13

Este post podia estar carregadinho de metáforas, a começar pelo título, que poderia ser qualquer coisa como o ataque dos papéis infernais, ou a infelicidade contagiosa das pessoas tristes, ou  os dias cinzentos da escola, ou o outro lado de ser professor, ou qualquer outra coisa que deixasse os meus dois, vá lá três, leitores inquietos e a refletir sobre o tanto que tenho para dizer acerca de reuniões, no entanto, este post resume-se a isto: odeio reuniões.



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máscaras de mudança

por Ni, em 17.03.13

Somos assim, geralmente, aversos à mudança, desconfiados de tudo o que implique novidade. Não sei se é por termos debaixo da pele traços de portuguesices ou se é, apenas, porque somos humanos.

Não  sou tão diferente de todos, apenas guardo para mim a desconfiança face à mudança e permito-me ser tão fácil de convencer a mudar que até dói! Basta só, só, dizerem-me que é melhor, mais fácil, mais rápido, palavras mágicas para que me vá pôr experimentar. 

Os professores deviam ser assim com tudo. Ensinar é isso mesmo: rasgar as bases de qualquer coisa tida por certa. Ensinar é mudar. Aprender é mudar.

 

Deviam ser, mas não são... Tenho colegas presos a ontem sem perspetivas de amanhã. Velhos do Restelo, com pouco mais de 30 anos.

Que a nossa vida está difícil, que somos mal vistos, que somos mal pagos, que não nos respeitam... Está bem. Mas não deixo que me levem a vontade de aprender, de saber, de melhorar.

 

  

Vem isto a propósito de uma formação a que fui, dada por colegas meus, sobre um projeto pseudo-novo com computadores e, não, não vou criticar, não vou comentar. Ou talvez comente mais tarde... Mas serei SÓ eu que acho, no mínimo, estranho ir a uma ação sobre computadores, em computadores, em que até é requisito levar-se o computador próprio, e a primeira coisa que fazem é distribuirem-nos apontamentos em papel??? Alô??!!! Raio de velhos do Restelo mascarados! São os piores!

 

 

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Filhos de um deus Ritalina

por Ni, em 22.06.12

Escandalizo-me. Assustam-me de morte as violências contra crianças e adolescentes, violências físicas, morais, intelectuais, mas, acima de tudo, a violência social que todos, mais ou menos diretamente, acabamos por cometer. A cada dia que passa, descubro uma nova criança, ou um adolescente, completamente dopado, drogado, aniquilado no fazer, no pensar, porque todos, mais ou menos diretamente, consideramos ser mais fácil esconder os problemas dentro de um comprimido.

 

Nas nossas escolas há dezenas de miúdos ritalinados, porque é mais fácil para toda a gente... é mais fácil para os pais, porque ninguém os preparou para ser pais de meninos que não conseguem educar, para os médicos que são médicos, e isso lhes basta, para os  professores que ainda pensam que ser professor é  dar aulas, para os funcionários que estão fartos de meninos mal-comportados, para os estranhos que passam na rua e não se querem sentir obrigados a reparar em meninos mal-educados que lhes acinzentam as vidinhas...

 

Escandalizo-me porque antecipo os dias em que, terminada a escolaridade obrigatória, estes meninos passarão de doentes a toxicodependentes, não sabendo viver limitados por regras, mas apenas por pílulas milagrosas de bom comportamento. E, assim, a vida vai-lhes acontecendo, tristemente.

 

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Adivinhem...

por Ni, em 19.06.12

Adivinhem só por que é que eu acho que a prova final de Língua Portuguesa era, nem fácil, nem difícil, nem sequer assim-assim, apenas, e só, linda??!!

Vá lá, adivinhem!

Dou-vos uma pista...

 

  

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O outro lado de ser professora

por Ni, em 06.06.12

  

 

Nunca mais aprendo... Mania de querer fazer coisas!! Era tão mais fácil ficar no meu canto só, só a dar aulas...

 

Já tinha dito, muito alto para todos ouvirem, que até ao final do ano não me ia envolver em mais nenhuma atividade. Parece que me esqueci foi de avisar-me desta decisão. É mais forte do que eu. Olho para uma pessoa, tenho uma ideia, quando me apercebo, sem saber como, estou a dizer em voz alta aquilo que julgava estar a acontecer só na minha confusa mente. Se, por acaso, não me dizem que não, mas também nunca dizem que sim, lá estou eu já a ver o que é preciso, a falar com os miúdos, a mandar e-mails, a anunciar mais uma atividade...

 

E tanto relatório para fazer!! Tanta reunião para preparar! Sim, declaradamente, tenho um lado em mim masoquista.

 

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Ódios de estimação

por Ni, em 21.06.11

Odeio o final do ano lectivo. Os miúdos estão fartos das aulas; os professores estão fartos dos miúdos; os pais estão fartos dos professores; a escola está farta dos pais... Todos estão fartos da escola!

 

Os professores não fazem nada. Levanto-me mais cedo do que o costume. Tenho aulas. Tenho relatórios para fazer. Tenho vigilâncias de exames. Tenho reuniões com Encarregados de Educação, que aperecem pela primeira vez, porque agora é que é preciso ajudar os meninos. Tenho reuniões da avaliação pelo dia fora. Tenho actividades de final do ano lectivo. Tenho reuniões de grupo para preparar o próximo ano. Não consigo dormir a pensar no trabalho. Enfim, os professores não fazem nada.

 

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Para quem não sabe:

os professores são avaliados por colegas que não são, necessariamente, seus superiores. Muitas vezes somos avaliados por colegas que, no próximo ano, serão avaliados por nós.

Os professores são avaliados por colegas que não têm, necessariamente, mais formação. Muitas vezes somos avaliados por colegas que no final da aula nos perguntam como se faz determinada actividade ou como dominamos tão bem determinado conteúdo.

Os professores são avaliados em função de cotas que não são, necessariamente, acessíveis a todos os avaliados. Muitas vezes a minha aula até foi excelente, mas como o avaliador sabe que só há cota para um execelente (e ele também está a ser avaliado...) a classificação atribuída é muito bom, porque não há cotas. Um professor pode ouvir "a tua aula foi excelente, mas só vais ter muito bom, porque não há cotas" e isto é estranho, muito estranho!

Os professores que fazem aulas observadas fantásticas não são, necessariamente, os que fazem as melhores aulas não observadas. Nem vou comentar. Fico chocada ao ver colegas que nunca prepararam uma ficha das mais básicas para os seus alunos, de repente, aperecerem com estratégias do arco da velha, actividades mirabolantes a rasar as artes circenses, enfim, uma fantochada!

Os professores são avaliados de uma forma numa escola, mas se estivessem na escola ao lado teriam outra avaliação, porque há mais cotas, ou os avaliadores são menos exigentes, ou a escola tem outros critérios...

 

Como vêem, esta parte da avaliação já é suficientemente irritante, mas irritante, irritante, ao ponto de te enjoar é veres que os professores deixaram de andar preocupados com os resulatdos das actividades que fazem, para passarem a estar preocupados com as evidências do que fazem. Eu explico: os professores têm de apresentar evidências do que fizeram (relatórios, actas, planificações, assinaturas, papéis, papéis, papéis...), então, muitos colegas deixaram de centrar os seus objectivos nos alunos, na comunidade escolar e passaram a centrá-los, unica e exclusivamente, em evidências, e isto, isto é extremamente lamentável!

 

Houve uma época em que o professor estava no centro do processo educativo, de seguida, esse lugar foi ocupado pelo aluno e, agora, não tenho dúvidas de que a avaliação de professores ocupa esse lugar fulcral do processo educativo. Nas escolas, tudo é, tudo se faz, tudo acontece em função da avaliação de professores... Mas ninguém está a ganhar com isso.

 

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