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Mais de um ano depois de termos posto mãos à obra, continuamos a gastar todo o nosso pouco tempo livre em obras, arrumações, reparações, recuperações. Ao fim de semana, não páro de lavar, limpar, varrer, aspirar, lixar, pintar. As horas vão passando, o dia vai chegando ao fim e, quando damos por nós, passámos mais uma manhã, uma tarde, horas, a trabalhar arduamente. Sentamo-nos sobre uma qualquer cadeira, meio lavada, meio partida, bebemos um café e, cansados, empoeirados e sujos, admiramos a nossa obra-prima. Eu mostro-te o que fiz, tu mostras-me o que fizeste. Planeamos os próximos passos.
Já temos cozinha, casa de banho e quartos. Está super-habitável. Adoro!
Tenho prazer em cada momento que passo na reconstrução desta casa, porque a sinto nossa, porque sinto aprovação e orgulho naquilo que fazemos, porque ela me lembra bons momentos, boas conversas, boas pessoas. Apetece-me esta casa.
...aqui, deste lado da montanha.
Durante os dias da Páscoa, decidimos pôr mãos à obra e andámos muito entusiasmados.
Temos uma casa inteira para recuperar. A casa está velha, suja, e é fundamental que fique, quase, irreconhecível, para a podermos chamar nossa e deixar de ser a casa da tia. Tudo seria fácil se, tal como eu já disse várias vezes, alguém não se tivesse esquecido que para eu ser rica, como deveria, tenho de ter dinheiro- coisa que não abunda por cá. O que fazer? Pôr mãos à obra!
Obras sem dinheiro:
Primeiro, mudar os móveis todos para duas ou três divisões; depois, arrancar as alcatifas, com trinta anos de ácaros, sujidades, poeiras e afins; de seguida, lavar o chão, raspar as paredes, lavar, outra vez, o chão,lavar as paredes, tirar as janelas, lavar as janelas, tentar que os rolos das persianas não se desfaçam nas nossas mãos , arranjar os trincos das janelas, lavar as portas, lavar, outra vez, o chão...
Procurar restos de tinta, entre os familiares, e comprar, apenas, duas ou três essenciais. Pintar os tectos, deixar secar. Pintar as paredes. Pedir ajuda às pequenas (à Princesa e à T.) para fazerem um desenho no quarto que há-de ser dos miúdos. Arrumar tudo.
Tudo isto interrompido por muito choro de bebé e por alguns, bons, encontros com amigos.
Agora, falta o chão. Vamos mesmo ter de gastar dinheiro... Mas vamos ser nós a fazer tudo, para pouparmos. Até acho piada a fazer isto, claro que se tivesse dinheiro poderia fazer coisas mais giras, e rapidamente, mas, não há dúvida que, assim, tudo vai ter um valor especial. Vamos poder realizar o desejo da tia de viver lá em casa e talvez, deste modo, eu passe a sentir-me em casa. Talvez deixe de dizer "vou visitar a família" e passe a dizer "vou passar uns dias à casa de férias" (eh pá, até parece que sou mesmo rica!).
Não temos dinheiro, mas temos tempo, vontade, e estamos a divertirmo-nos. E (só para ti!) os nossos sonhos são bons e levam-nos a continuar...
...aqui, deste lado da montanha.