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Da próxima vez que eu estiver de retiro forçado, fechada em casa, durante uma semana, não me deixem ir ao cabeleireiro.
Ao fim de três dias já estava arrependida de ter cortado o cabelo e, uma semana depois, ainda não gosto de me ver me reconheço no espelho.
E como se isso não bastasse, não sei o que lhe hei de fazer. Todos os dias é mais ou menos isto...
...aqui, deste lado da montanha.
... haverá alguém que fuja assim de ti como eu?
Não é novidade. A acne é minha, toda minha. Quase tão minha como a cor dos meus olhos ou o tamanho excecional do meu nariz.
Já referi por aqui esta minha luta que travo há anos e anos a fio contra as borbulhas, mas elas, às vezes mais, às vezes menos, não me largam.
Primeiro, que desapareciam com a idade, depois, com os filhos, depois, com a pílula, depois, com os tratamentos orais, depois, com os tratamentos cutâneos... Tretas! São minhas! Não desaparecem!
Portanto, para que saibam, que eu tenho anos de tratamentos e consultas de dermatologistas que me permitem ser especialista no assunto, há três meios de camuflar as danadas: a pílula, que não tomo porque me faz varizes e outras coisas terríveis às veias e que, logicamente, não me apetece tomar; os antibióticos, que só resultam nos dois meses em que os tomas e que são anti-outras-bio e que, como é óbvio, desisti de tomar, e o rouacutan, a que, felizmente segundo o dermatologista, sou alérgica e que faz mal, muito mal, e não posso tomar.
Não as podes vencer, junta-te a elas.
Restam os cremes. Volta e não volta, procuro qualquer coisa nova. Hoje foi um desses dias. De desespero . Confesso que pela primeira vez vi um creme anti borbulhas para adultos e isso deixou-me um bocadinho esperançosa. Afinal, estou um pouco farta de comprar cremes para peles jovens... aos 40.
Eu sei que todos me dizem que são SÓ borbulhas, mas gostava é de os ver a acordar com a cara transformada numa borbulha só e terem ânimo para sair de casa sem um saco na cabeça...
Ah! Que sou fútil, e tal, e o que conta é a beleza interior... Pois sim!
Nas férias, para o bem e para o mal, na doença e na saúde, há casamentos. E nós vamos aos casamentos. Passamos fome, esperamos, pelo noivo, pela noiva, pelo saída da igreja, pelas fotografias, pelos noivos, pelas entradas, pelas fotografias, e temos fome, esperamos pela comida, primeiro um prato, depois o outros, e mais outro e à fome excessiva sucede a barriga que não aguenta mais e, afinal, aguenta ainda mais um pouco. Nada de novo, portanto.
E depois, há os sapatos. Já aqui falei desta obsessão que uma parte das convidadas mostra em escolher sapatos dois números abaixo ou com saltos dois centímetros acima. Resultado: antes da saída da igreja já tiraram duas vezes os sapatos para repousar os pés a ferver no chão frio de laje. E a seguir? Obrigam-se a trocar os belíssimos Louboutin pelos chinelos de praia Modalfa, mesmo logo depois de tirar a fotografia da praxe com os noivos. Dá Deus os sapatos a quem não tem pés. Enfim, estala o verniz, diria o Eça... A mim, apraz-me dizer "Chique a valer! Chique a valer!"
...aqui, deste lado da montanha.
Tenho borbulhas. Acne, bem entendido. desde há mil anos da minha existência que tenho borbulhas.
Primeiro, que passava com a idade adulta, depois, que passava com o sexo, depois, que passava com os filhos, depois, que passava com a idade... Não passou.
Depois de tratamentos, peelings, comprimidos, antibióticos, médicos, não passou. Melhorou um pouco, com a pílula, um pouco, porque nunca desapareceram, apenas andavam mais esquecidas, mas com o abandono da pílula, ditado pelas varizes e dores insuportáveis nas pernas, elas voltaram em força. Mais tratamentos, mais comprimidos, mais antibióticos, mais médicos.
Depois, um dia, um médico disse-me, minha querida, as tuas análises (gerais) são excelentes, estás ótima, zero colestrol mau, zero gorduras, zero tudo, ótimas! e para as borbulhas só há três soluções: pílula, que não queres, a isotetrinoína (com diferentes nomes no mercado), a que és alérgica e os antibióticos, que podes fazer apenas durante dois meses, e que não é definitivo (passados dois meses tens de fazer outra vez, páras, recomeças, páras, recomeças...) e que, além disso, te vai destruindo a imunidade. Claramente dito, claramente entendido. Não tenho hipótese de não ter borbulhas.
Agora, estou há cerca de dois anos a tentar ter um convívio mais ou menos ameno com elas, às vezes odeio-as, às vezes, ignoro-as. Trato-as muito mal, mas elas nem por isso me deixam em paz.
A acne não é uma doença terrível, incurável, ou mortal, mas tem efeitos poderosíssimos na nossa autoestima, no nosso dia-a-dia e, a maior parte das vezes, muitas vezes, os outros não compreendem as implicações de um olhar breve e fugidio para um canto da tua cara enquanto falam contigo ou, pior ainda, não compreendem como o desdém ao dizer "mas tu não tens muitas borbulhas" pode ter um efeito tão profundamente maléfico na forma como vais gerir o teu dia apartir desse momento.
Ah! Para que não haja dúvidas, eu não tenho 12 anos, nem 18, ou 20 e poucos, ou 30 e poucos. As minhas borbulhas são bem maduras, a rasar os 40.
...aqui, deste lado da montanha.
A dieta morreu. A vontade ficou presa entre relatórios e atas para escrever e tardes e noites de chuva. A olhar para os ténis, a ter vontade de bicicleta, fiquei-me, nos últimos dias, pelo computador, pelos trabalhos de casa, banhos e sopas dos miúdos.
Com o fim-de-semana veio o sol, a escapadela à praia a lembrar como preciso mesmo de fazer dieta, exercício, ficar bem para ir a banhos, de sol, entenda-se, porque água fria não é para mim. E depois eu a pensar que não, não pode ser assim, que há mais prazer num pires de caracóis e numa imperial do que em vestir o bikini pré-filhos. E o tempo é pequenino, pequenino e o equilíbrio de prazeres está a ser tão difícil de encontrar...
...aqui, deste lado da montanha.
Não compreendo a procura incessante e cansativa! de algumas pessoas - e sim, são mais mulheres do que homens, mas também conheço alguns- para parecerem mais novos. Não entendo! Eu também quero estar em forma, ter um cabelo bonito, ser elegante, mas isso não quer dizer que queira ser mais nova. Não quero! Quero ter exatamente a idade que tenho. Não quero passar pela vida, como se não tivesse nada a ver com ela.
Entendo uma certa tristeza em ver-se um corpo envelhecer, com uma alma viva lá dentro, uma certa tristeza em ter um corpo que não obedece às vontades do dono, e até consigo compreender a minha mãe que me diz que as rugas a partir de certa idade são como qualquer coisa que não queremos que saibam que temos, que são demais!
O que eu não entendo é essa coisa de ficar feliz por parecer ter vinte anos, quando se tem trinta ou quarenta. Não há qualquer coisa de errado e profundamente sarcástico numa avaliação tão errada?
Eu cá, adoro loucamente algumas rugas que só se vêem no rosto e não na vida. Pelo contrário, conheço algumas vidas engelhadas demais para serem velhas... parecem ter aí uns vinte, vinte e poucos anos...
...aqui, deste lado da montanha.
Estou a pintar o cabelo em casa. Outra vez. Não é novidade, mas já há algum tempo que não o fazia...
Faz parte do meu plano de poupança para poder continuar a passear e experimentar hotéis novos. Depois da roupa e calçado reciclados, ou reutilizados, da esteticista (só não abdico da depilação nas virilhas ), segue-se o cabeleireiro.
Bem, lá vou eu tirar "esta coisa". Ainda bem que não tenho ninguém em casa...
Ah! Estou a usar um creme de coloração novo e adoro as luvas pretas. Como é que ainda não tinham pensado nisso antes?
...aqui, deste lado da montanha.
Bem, hoje quase, quase, que quebrava, logo assim à nascença, o meu programa menos quatro quilos em quatro meses. Manhã inteirinha de relatórios, tarde inteirinha de reuniões - acreditam que não tive sequer tempo para ir à casa de banho?- e, chegada a casa, jantar para fazer, dois cestos de roupa para passar, e cansaço, tudo em mim cansaço!
E, de repente, o homem da casa, a provocar-me "calça os ténis, vai correr!". E , de repente, eu a pegar uma musiquinha, o meu cardiofrequencoiso e a pôr-me a andar, digo, correr.
Foram só 25 minutos de corrida e marcha acelerada, mas ainda tenho tês meses e 29 dias, para chegar lá .
Dois ou três avisos, diz quem sabe, que eu disto não sei nada. Ténis apropriados para correr, com caixa de ar, diz quem sabe, os meus são velhinhos, velhinhos, mas vão-se aguentando; cardiofrequencímetro, porque as pernas e o coração têm de andar de braço dado, o que é uma imagem meio estranha, mas ideal; e o saquinho próprio para correr, que é o adereço que faltava, para a minha música, que dá "pica", o telemóvel, para as emergências, e a água, claro!, porque hidratação é fundamental...
Parece-me que me faz falta, agora, um refletor, dizem...
...aqui, deste lado da montanha.
Fui à praia com os meus filhos. A primeira vez este ano... Agradecidos, não pararam de me mimar. És tão querida, mamã! És tão linda, mamã! A tua pele é tão macia, mamã! Parece mesmo que tens um bebé na barriga, mamã!
A dureza da sinceridade infantil no seu melhor. E andava eu preocupada com a celulite...
...aqui, deste lado da montanha.
Quase dois meses passados, posso apresentar os resultados da minha experiência. Para que todos saibam: os cremes para a celulite, quando utilizados duas vezes por mês, e mantidos imobilizados em cativeiro no armário da casa de banho, têm uma eficácia de 0%.
...aqui, deste lado da montanha.