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Para lá do stress, frustração, angústia, cansaço implicados nas intermináveis viagens que fazemos ao fim de semana para visitarmos a família; um esforço que parece, aos olhos deles, mínimo e insignificante não comparável à hercúlea façanha de nos visitarem duas vezes por ano, para lá de tudo isso, e porque não vale a pena discutir o induscutível pois, por mais que nos prometamos diminuir a frequência das viagens, acabamos sempre por ver necessidades inultrapassáveis em cada fim de semana; para lá de tudo isso, há um outro lado que aproveitamos até ao tutano: namoramos!
Saímos a dois, o que só é possível por podermos deixar os miúdos com os avós, vamos a um bar, ouvimos umas músicas, conversamos (sem interrupções de dez em dez segundos), fazemos planos, traçamos objetivos, dançamos. Namoramos!
Regressamos a casa com a mesma ansiedade e alegria com que um bebé volta aos braços da mãe. E o nosso sofá, de molas partidas e manchado pelo bolor, assume contornos de poltrona chaise longue de Corbusier... mas, no outro lado, há instantes de cumplicidade que ninguém nos tira. É mais ou menos assim:
...aqui, deste lado da montanha.
Gosto de mudar de vida. Mudar de vida é bom. Eu estou sempre a mudar: de terra, de casa, de trabalho, de gostos, de ideias... Do que eu não gosto é de comodismos entristecidos pelas desculpas daqueles que nasceram sem a capacidade de tentar.
As maiores derrotas não são não chegar ao outro lado da montanha, as maiores derrotas são não procurar o caminho para chegar lá. Não importa se te apercebes que tomaste o caminho errado, o que importa é que foste capaz de deixar a sombra da árvore da encruzilhada, porque as sombras são ótimas quando está sol, mas, ao anoitecer, podem ser extremamente sombrias para quem se deixa ficar.
Assim, e só, só para ti: sai de debaixo da árvore que eu prometo fazer o caminho contigo e, se tivermos de voltar para trás, aquecemo-nos um ao outro...
...aqui, deste lado da montanha.
Há dias em que os dias são a pele, a pele, só pele. O acordar é um toque da tua pele; o dia é a minha pele a querer a tua pele. Estes dias são assim: só desejos, só vontades de pele na pele. Mas mais loucos são estes dias, por esta pele não ser apenas desejo de corpo, mas desejo de ti. Hoje sonhei acordada, enquanto via as fotos de um qualquer resort turístico,que vou contigo ao Bali. Que vamos estar felizes ali. E a pele dos meus dias traça esse sonho como uma vontade a que, a partir do momento em que a sonhei para nós, já não poderemos fugir.
...aqui, deste lado da montanha.
Ando num corropio:
Trabalho, trabalho, trabalho, na escola, com a chegada do final do período, mais as atividades em que continuo a teimar em envolver-me.
Os meus alunos que estão cada vez mais adolescentes e, se a adolescência é uma fase difícil nos alunos ditos normais, o que dizer da adolescência dos "especiais"?
Médico, farmácia, hospital, porque os miúdos teimam em não melhorar e, desta vez, até deu para ver que algo pior que um filho doente, só mesmo, dois filhos doentes... Uma perna para dar colo a cada um e as quantidades/horas dos medicamentos todas registadas em papel, por causa das confusões.
Enfim, não há dúvida que, entre trabalho, filhos, casa, amor grande a estudar à noite, é também a altura certa para eu resolver ir tirar o mestrado...
É o caos total e irremediável. No centro, um único pilar, inabalável, e sempre, sempre presente: o meu amor-amigo-companheiro-amante...
...aqui, deste lado da montanha.
Gosto de ti. Assim, apenas, simples, gosto de ti. Já não sei há quanto tempo gosto de ti. Não sei quanto tempo vou gostar de ti. Pode ser até à eternidade. Pode ser só mais um segundo para além deste em que, imensamente feliz, te digo "Gosto de ti". Para além disso, não há mais nada, nem dia dos namorados, nem jantares em restaurantes apinhados de casais à procura das palavras para serem felizes, nem ramos de flores comprados para alguém que nem gosta muito de flores. Para além disso, só um, assim simples, gosto de ti.
Gosto de ti assim como "a invenção dentro da memória; a memória dentro da invenção; e toda essa cavalgada de uma grande fuga, todo esse prodígio de umas poligâmicas núpcias, secretas e arrebatadas, com a feminina multidão das palavras: as que se entregam, as que se esquivam; as que é preciso perseguir, seduzir, ludibriar; as que por fim se deixam capturar, palpar, despir, penetrar e sorver, assim proporcionando, antes de se evaporarem, as horas supremas de um amor feliz".
... aqui, deste lado da montanha.
Este post é só para ti. Sei que virás aqui, hoje, ou, o mais tardar, amanhã, e esperas ler "por dentro de mim". Queres que diga-escreva o que sinto, o que significam as minhas ausências, a intensidade dos meus amores.
Hoje, dei por mim a ver pedaços de um programa que se chama Fama Show. As apresentadoras são todas tão magras, tão, tão estreitas... E, quando cabem dentro daqueles vestidos minúsculos, de bonecas, de barbies devem olhar o espelho e sentir-se lindas e maravilhosas. Mas isso é porque não inauguram fornos com cabritos assados e pão acabadinho de fazer, não comem bifanas (ou sandes de courato!) na feira anual, não comem pão do caco com manteiga de alho na casa dos amigos, não dividem uma tarte de chocolate que se derrete na boca em proporções iguais às do amor...
O pior é que com esta minha mania de gostar intensamente do presente, do agora, estes manjares surgem associados a momentos bons de partilha de mágoas ou sorrisos, momentos em que se pensa que se pode ser feliz.
Se continuar a ser assim feliz, temo não conseguir vestir a roupa que escolhi para o reveillon...
...aqui, deste lado da montanha.
Enquanto desfio as linhas dos relatórios-cogumelos que ainda tenho de fazer, há palavras que me aliciam para fugir da "Introdução- clarificação dos motivos...", que me desencaminham das "Metodologias utilizadas", que dentro da minha mente vão soando "Amo-te, Flor!". Decidida, reflito sobre a mudança de práticas, mas de novo "Não me deixes, Flor!"
Zango-me! Preciso mesmo de terminar este relatório! "Que eu me sinto em flor/Quando vivo em ti!"
Não adianta. Desisto. Rendo-me. Tenho de as encontrar, tenho de vasculhar os papéis, porque elas chamam por mim, gritam-me. Não consigo concentrar-me com tanto barulho na minha cabeça.
Num álbum antigo, descubro as palavras que não são minhas, recortadas em papel quadriculado amarelecido:
Amo o silêncio
do teu silêncio
quando em silêncio
me vens beijar.
Teu corpo azul
é mais azul
que o mais azul
azul do mar.
Amo-te, flor!
Não me deixes, flor!
Que eu me sinto em flor
quando vivo em ti!
Sinto saudades
de sentir saudades
por essas saudades
que ontem senti.
À sombra dos meus desejos,
quem me dera naufragar.
Lava-me a boca com beijos
Leva-me para o alto mar.
Palavras adolescentes de um amor adolescente. Silêncio... Posso, enfim, voltar para os meus relatórios.
...aqui, deste lado da montanha.
Há pouco o meu amor grande atirou-me da outra ponta do sofá "Então, o teu blog? Não escreves nada? Que falta de respeito pelos teus leitores." Ora, sabendo eu que os meus dois, vá lá três, leitores já devem ter percebido que anda difícil conciliar trabalho, família, casa e blogs, e que não devem estar, ainda, a morrer de saudades desconfio que o que ele queria dizer era qualquer coisa do género "Então, não contas a nossa viagem a dois? Não escreves o quanto gostaste de passear comigo pelas ruas de Lodres? Que falta de respeito pela minha vontade de ler o quanto eu gostei nas tuas palavras."
E assim foi. Fomos a Londres durante o fim-de-semana que prolongámos até terça-feira. Deixámos os miúdos - e apenas não morremos de saudades porque sabíamos que eles estavam muito, muito bem (e nós também, diga-se a verdade)- e fomos namorar. As minhas expetativas eram baixas e, quem sabe por causa disso, adorei Londres.
Como se vai a Londres em dias de crise? Não indo de férias em Agosto e com muitas horas extra. Mas sobre esta viagem há tanto para contar que não o posso fazer em meia dúzia de linhas, nem a desejar meia dúzia de horas de sono, por isso, correndo o risco de frustrar um pouco o maridinho, e de deixar os meus dois, vá lá três, leitores de água na boca, vou dormir e depois volto para contar o outro lado da viagem.
...aqui, deste lado da montanha.
TU fazes coisas que me deixam sem palavras,
por isso, roubei estas para ti:
Magnificent
I was born
I was born to be with you
In this space and time
After that and ever after I haven’t had a clue
Only to break rhyme
This foolishness can leave a heart black and blue
Only love, only love can leave such a mark
But only love, only love can heal such a scar
I was born
I was born to sing for you
I didn’t have a choice but to lift you up
And sing whatever song you wanted me to
I give you back my voice
From the womb my first cry, it was a joyful noise…
Only love, only love can leave such a mark
But only love, only love can heal such a scar
Justified till we die, you and I will magnify
The Magnificent
Magnificent
Only love, only love can leave such a mark
But only love, only love unites our hearts
Justified till we die, you and I will magnify
The Magnificent
Magnificent
Magnificent
Sinto um nó na garganta, uma comoção que parece crescer à medida que o dia passa. Estou, parece-me, enamorada.
Tenho dias assim, felizes, apaixonados, em que sinto o sangue aquecer-me as faces, o coração a bater mais depressa, e uma vontade de dizer a todos que és o meu amor.
De repente, volto a ter 18 anos, volto a ver-te passar por mim, volto a achar-te giro, volto a correr atrás de ti, para, depois, não te ligar, fingir-me desinteressada para que procures por mim. Sou, de novo, uma menina a querer aprender a ser mulher contigo. E tu és o rapazito a aprender a ser homem comigo.
Gosto de ti, sabes? De vez em quando, apaixono-me por ti desta maneira inexplicável. Gosto desta relação de amigos-cúmplices-amantes. Gosto desta relação em que todos os dias aprendemos a ser uma família. Gosto de te ter ao meu lado, gosto de estar ao teu lado, gosto de ti e gosto da pessoa que sou por gostar de ti.
Às vezes pergunto-me se as coisas mudarão e acho que sim, e sei que sim. Não serei a mesma e tu não serás o mesmo, tal como não somos, hoje, os mesmos de há 18 anos atrás, mas, no fim de contas, tenho a secreta certeza que tudo farei para, de vez em quando, acender esta paixão, já que este amor não se extingue.
...aqui, deste lado da montanha.