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2012 foi um ano mau. Dois anos depois da morte de Saramago, percebi, tomada de tristeza, e espanto por tão tardia percepção , que não voltaria a ler um novo livro seu.
2012 foi um ano mau, não por causa dessa certeza fria, mas também por causa dessa certeza fria. É como se, de repente, percebesse que não há pelo que esperar.
Depois, sei lá porquê, ouço este nome, valter hugo mãe, e continuo sem compreender por que razão nunca li nenhum livro dele. Ah! e continuo sem ler, e continuo sem ler. E depois, há duas semanas, vejo o livro, a capa tenta-me, o nome a chamar-me, a atrair-me e eu já comprei o meu livro do mês e os dias são de contenção, e eu compro-o só porque sim, porque é Natal, talvez não compre o meu livro do mês de dezembro...
Ao fim de duas páginas não quero acreditar que seja tão bom assim, não vou ler mais, não pode ser tão bom assim! Escondo-me o livro.
Ontem recomecei. Uma leitura que não quer ter fim, que deseja o próximo, e o próximo, e o próximo parágrafo. Uma leitura que não é feita de histórias. Eu não gosto de leituras de histórias. Uma leitura que é feita de palavras e de pessoas. Pessoas tão nuas, tão cruas; palavras tão mágicas, tão cruas. Raios! Mas porque é que eu não li nada deste homem antes?
Alegra-se-me 2012. Finalmente, há pelo que esperar... Para já, pode mesmo ser, apenas, esperar pelo Natal. A juntar, na carta ao Pai Natal, o nosso reino, o remorso de baltazar serapião e o apocalipse dos trabalhadores.
(..) era uma fantasia e eu só caí nela porque queria tanto encontrar algo que me sustentasse diante do sol.(...) não despreze nada, senhor silva, agarre-se a uma fantasia, se for boa, que a realidade é bem feita desses momentos mais espertos de lhe fugirmos de vez em quando.(...)"
"a máquina de fazer espanhóis" de Valter Hugo Mãe