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Fomos à Biblioteca Municipal. Peguei no miúdo. Escondi a tristeza de quem não pode continuar a fingir que tem dinheiro para comprar livros todos os meses e lá fomos. À chegada, um aviso prometia-nos o paraíso.
Lá dentro, a desilusão.
Não sei por que não saí assim que senti o cheiro de livros quietos nas estantes. Não sei porque não saí quando vi as mesas despidas de livros, com uma ténue camada de pó a anunciar a falta de uso. Não sei por que não saí, quando a senhora na receção me disse, desolada, que os computadores não sei o quê, e não conseguia imprimir e não havia, afinal, cartão de leitor. Não sei porque não saí quando a senhora me disse, conformada, que não havia livros novos... há meses. Fizera-se a Biblioteca. Um edifício majestoso, a ocupar o espaço todo, a ver-se em toda a volta. Não sobrara dinheiro para os livros.
Confesso que me envergonhei por ter levado o meu filho. Não queria que ele ficasse com aquela impressão de que a Biblioteca é aquele lugar deprimente, vazio e solitário. Como é possível que eu leve o meu filho a uma qualquer livraria e ele me peça este e aquele e o outro livro, e quando eu o levo à biblioteca ele me pergunte duas vezes se já podemos ir embora? Sniff..
À saída apetecia-me corrigir o cartaz:
AVISO: a leitura precisa seriamente de livros!