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O mundo acaba amanhã. Dizem.
É tempo de decidir quem queremos ser do outro lado.
Entre o céu e o inferno, passo estas últimas horas atormentada, sem saber para onde cair. A ser verdade aquilo que nos têm andado a contar, o céu é o paraíso e o inferno, o inferno!
Não posso decidir em função das pessoas que vão comigo, porque essas vão estar por todo o lado, e, mesmo assim ,não sei como caberemos todas. Talvez, com tanta gente, o céu se torne um inferno...
Havendo, pois, pessoas nos dois lados, tenho de decidir em função das coisas, leia-se livros, que são a única coisa que eu quero levar deste mundo...
É sabido que à volta da igreja sempre houve livros. Aliás, os livros nasceram da igreja e para a igreja, não importa assim tanto que alguns se tenham tornado de tal forma rebeldes que tenham passado a ser proibidos... mesmo assim, e pelas imensas, enormes e mais belas bibliotecas que são albergadas pela Igreja,no céu deve haver muitos, muitos, livros e isso, bem, isso é uma tentação!
Para além disso, no inferno arrisco-me a ver alguns dos meus livros transformados em cinzas, pois todos sabemos bem que livros e fogueiras infernais são coisas que andam de capas e cavacas voltadas. Há que ponderar!
Por outro lado, no céu não devem deixar-me entrar com os meus anti-evangélicos de Saramago, nem com os meus erótico-pornográficos de Eça, nem com os meus psicótico-compulsivos de Pessoa, ou os meus pró-revolucionários de Garcia Marques, ou os... bem, provavelmente, se eu quiser ir para o Céu, São Pedro confiscar-me-á todos os meus livros, com exceção da Bíblia e da biografia do papa João Paulo II. Não me parece que venha a ser muito feliz no Céu...
Assim, vou ali portar-me muiiiiiito mal, para ver se amanhã não há erros...