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Gosto tanto mais de um livro, quantas as vezes em que me encontro nas suas palavras. Gosto tanto mais de um livro, quantas as vezes em que tropeço em palavras que foram pensadas para mim, às vezes até, ainda que me julguem imodesta, e sou e sou!, palavras que num ou outro momento, um instante, quase nada, foram minhas. Tenho a certeza...
"(...) o velho Alfredo oferecia livros ao menino e convencia-o de que ler seria fundamental para a saúde. Ensinava-lhe que era uma pena a falta de leitura não se converter numa doença, algo como um mal que pusesse os preguiçosos a morrer. Imaginava que um não leitor ia ao médico e o médico o observava e dizia: você tem o colesterol a matá-lo, se continuar assim não se salva. E o médico perguntava: tem abusado dos fritos, dos ovos, você tem lido o suficiente. O paciente respondia: não, senhor doutor, há quase um ano que não leio um livro, não gosto muito e dá-me preguiça. Então o médico acrescentava: ah, fique pois sabendo que você ou lê urgentemente um bom romance, ou então vemo-nos no seu funeral dentro de poucas semanas. O caixão fechava-se como um livro."
Valter Hugo Mãe, O filho de mil homens