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Ainda o Natal

por Ni, em 30.12.10

Já lá vai o espírito natalício, a azáfama, as filhós, os presentes, agora é já tempo de preparar outra festa, outra celebração, no entanto aqui, em o outro lado da montanha, ainda nada se disse sobre o Natal e não é por falta de assunto ou inspiração, mas, apenas, porque o tempo insiste em me escorrer por entre os dedos.

 

Como tem acontecido nos últimos anos, o Pai Natal apareceu de repente e, mais uma vez, o papá estava na casa de banho. Como tem acontecido nos últimos anos, houve alguma vergonha a falar com o Pai Natal, que teve direito à declamação da peça de teatro "A ceia de Natal", algum nervoso miudinho e excitação na apresentação do mano ao Pai Natal e, ao contrário do que tem acontecido nos últimos anos, algum tempo depois do Pai Natal ter ido embora houve revelações inovadoras: "O Pai Natal é muito parecido com o meu pai... acho que o Pai Natal é o meu pai mascarado..." "O quê? O Pai Natal é o papá? O que é que disseste?- gritámos todos mais ou menos alarmados e a resposta crescida "Já estou a ficar farta desta conversa... vamos falar de outra coisa. Eu sei que o Pai Natal é uma pessoa que vive muito longe, no Pólo Norte." Fim de conversa.

 

...aqui, deste lado da mont cxzza<anha.

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Dias de generosidade

por Ni, em 13.06.10

Aos meus filhos, ofereço todos os meus livros, porque neles estão as histórias, as emoções, as aprendizagens, as personagens que eles hão-de rever, tantas vezes, nas suas vidas.

 

Ao meu marido, dou tudo o que escrevi, as minhas cartas, os meus diários, os meus apontamentos, as minhas canções, os meus poemas, os meus amores, os meus ódios, as minhas paixões, as minhas raivas, as minhas palavras, a minha intimidade.

 

À minha mãe, dou a flor mais rara do mundo, porque, por mais que eu lhe dê, há-de ser sempre pouco, comparado com o tanto que ela me dá.

Ao meu pai, dou uma sepa, porque o seu trabalho, a sua paciência e generosidade transformá-la-ão numa vinha enorme repleta de frutos.

 

À minha linda irmã, ofereço uma paleta de cores para ela (continuar a) encher as vidas dos que a rodeiam de cores.

Ao meu cunhado, dou um plantel porque a determinação também distingue um campeão.

 

À minha sogra, ofereço uma outra casa minha para ela encher de rendas, croché, ponto cruz, artes decorativas, bibelots e jarras com molhos de cravos e rosas e gladíolos e camélias, porque por trás destas diferenças está o respeito e o carinho grande.

Ao meu sogro, dou os meus jogos, para que continue a ser o avô que joga às cartas e ao dominó e vai ao café estar com os amigos.

 

Aos meus amigos, dou um banco, uma cadeira, uma espreguiçadeira, um sofá, uma poltrona, uma rede brasileira, para aí comermos, rirmos, jogarmos, chorarmos, conversarmos, fofocarmos, dançarmos.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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O outro lado da morte

por Ni, em 24.02.10

 Tenho sempre muita dificuldade em ir a funerais. Talvez toda a gente tenha, mas o meu lado anti-social revela-se sempre um pouco mais nestas "manifestações colectivas". Penso que um funeral devia ser algo íntimo, mas não é e, às vezes, nós que quisemos tanto aquela pessoa nem temos tempo para a chorar. 

 

Compreendo que um funeral é um momento de dor e que, por vezes, as pessoas vão a um funeral por solidariedade com a dor de outra pessoa. E é bom, muito bom, sentir o apoio desses amigos.

 

Não compreendo que pessoas que nunca quiseram saber se alguém está bem de saúde, se tem o que comer, se tem o que vestir, se é feliz, apareçam, no dia do seu funeral, a chorar a sua morte, preocupados, apenas, com a sua própria pseudo-dor. Choram, não lágrimas do coração, mas apenas lágrimas de intenção. São as chamadas más intenções...

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Morte

por Ni, em 24.02.10

 A Tia morreu. Prefiro esquecer os últimos meses em que não a reconhecia e recordar a pessoa adorável que ela sempre foi para mim. A Tia era a matriarca da família do meu marido. Tinha uma gargalhada maravilhosa, um abraço acolhedor, uma mentalidade jovem. 

 

Pouco tempo depois de me conhecer, convidou-nos a ficar nos anexos, quando íamos de fim-de-semana. Dizia que ninguém os usava, que lá estávamos à vontade. E estivemos. Sempre. Nunca me senti uma intrusa ou, sequer, uma visita. Nunca ela invadiu a nossa privacidade. Nunca lá entrou sem ser convidada e, no entanto, a casa era dela.

 

Muitas vezes ia para ao pé dela, na sala, na adega, ou no quintal, e ficávamos juntas, conversávamos. Eu gostava das ideias dela, dos valores dela, da franqueza, às vezes dura, dela. Mas o que mais admirava nela era a capacidade astuta de ler as pessoas e distinguir os sentimentos sinceros dos interesseiros.

 

E, assim, recordá-la-ei no carreirinho do quintal, que era uma jardim, rodeada pelas suas roseiras e cheia de gargalhadas para nos dar. E gostaria de morrer assim, aos 90 anos, com alguém a recordar-me como eu a recordo a ela.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Últimos (?) passeios

por Ni, em 25.10.09

 Depois do dia de descanso de ontem, em que percebi que, realmente, o Rafael não quer ainda nascer, hoje lá decidi acompanhar o marido e a filhota num passeio. Ainda estive indecisa, mas depois achei que entre ficar em casa sozinha ou sair um pouco para arejar, a segunda hipótese era preferível. E ainda bem. 

Demos umas voltinhas pela Expobike e acabámos a almoçar num restaurante bem agradável no Cartaxo, que escolhemos tendo em conta o parque automóvel (o que, como se imagina, pode ter resultados catastróficos). Percebi que já tinha saudades de comer uma comidinha saborosa (que não fosse em tasquinhas ou restaurantes de  prato do dia...). Claro que agora tenho que lidar com o peso... e, infelizmente, não é só o da consciência... Por outro lado, estou sempre a dizer-me que com estas coisas boas é que o Róquinhas vai querer vir cá para fora.

Continuou a faltar a possibilidade de acompanhar o Bi num bom vinho tinto... Para a próxima!

A Pompinhas portou-se muito bem, o que também contribuiu para esta sensação de final de tarde de Domingo.

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Morte

por Ni, em 17.10.09

Esta é a minha homenagem à Anabela.

Queria poder descrever os pensamentos que se apoderam de nós quando a morte surge, assim, inesperada e prematuramente, mas o Rafael traz-me tão cheia de vida que sou incapaz sequer de querer pensar nisso. Por isso, deixo aqui apenas estas palavras: a vida é um sopro muito, muito passageiro e nós esquecemo-nos, vezes demais, desta verdade.

Será que nos teus poucos 27 anos tiveste oportunidade de chegar ao outro lado da montanha? Será que foste capaz de usufruir do caminho até lá?

Lamento a tua morte e, perdoem-me o sentimento egoísta de quem está a viver a maternidade na sua plenitude, lamento a tua morte anterior à da tua mãe, porque nenhum pai, nenhuma mãe devia chorar a morte de um filho. Não me lembro onde ouvi isto, mas, na verdade, se perdemos um companheiro, ficamos viúvos; se perdemos um dos pais, ficamos órfãos; mas, se perdemos um filho,  não há palavra que designe algo tão anti-natura.

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Visita dos papás

por Ni, em 13.07.09

É muito bom de vez em quando ter uns miminhos e colinho da mamã e do papá, nem que seja só por um dia ...

Gostei muito da visita!

Pois, a esta hora a manita já está toda invejosa, não é? Também adorei que vocês tivessem vindo cá, mas vocês é aquela coisa que a gente sabe, não é preciso muitas palavras... Além disso, estou a mostrar à mãe como é que é isto da internet.

 

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