Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Estranha forma de vida

por Ni, em 11.06.11

Não sou como  a maioria das pesoas: tenho dúvidas com frequência, considero-me muito imperfeita frente aos outros, mas muito boa, para mim mesma, não sou auto-depressiva, sou muito otimista em relação a tudo, gosto do meu marido e gosto de o dizer, passo-me muitas vezes com os miúdos e não acho que seja a melhor educadora do mundo nem que eu é que estou certa, e tenho esta mania esquisita de pensar, contrariamente aos outros, que os amigos não são tanto aqueles com quem divides os maus momentos, mas antes aqueles com quem passas ótimos momentos que tornam os maus uma pouco menos maus...

Obrigada, a vocês os dois! Sei que um dia nos vamos afastar, não porque deixemos de gostar uns dos outros, mas apenas porque a vida é feita de encontros e separações. No entanto, estes momentos ninguém nos tira: a partilha duma gargalhada, o adormecer de um filho, um conselho sentido, uma tristeza dividida, um beijo, um abraço, uma tontice dos copos, uma dança, um desabafo...

 

...aqui, deste lado da montanha!

Autoria e outros dados (tags, etc)


Os novos amores

por Ni, em 16.10.10

Ultimamente lembro com frequência uma expressão da minha mãe que diz que "pelos amores novos, esquecem-se os velhos". É assim que me tenho sentido, não a esquecer os velhos amores, mas sem tempo para eles. Não, não estou a falar de homens (podes ficar descansado, continuas a ser o homem da minha vida) e não, não estou a falar de filhos, nem de amigos, nem sequer de pessoas.

 

O o outro lado da montanha tem um rival. Apareceu por razões diferentes, é diferente, é muito profissional, mas, nesta minha impossibilidade de não me levar toda inteira para o meu trabalho, lá estou eu, também, a contar coisas, a falar de acontecimentos, que são sempre emoções. Este outro blog tem ocupado muitos dos minutos em que deveria estar aqui a escrever-vos.

 

Se não fosse ele, o outro, saberiam que o meu aniversário não me fez lembrar o poema de Álvaro de Campo, saberiam que no dia do meu aniversário ainda tinha na boca o gosto dos beijos do meu amor, ao som dos U2, saberiam que esta prenda de anos já passou mas ficará para sempre, enquanto se ouvir U2. Esta prenda não foi um bilhete para um concerto, esta prenda foi momentos de uma relação. Momentos bons.

 

Saberiam que, na escola, ando a construir a minha imagem, porque não quero ser sombra, porque não quero ser cópia, ando às voltas a lidar com coisas e animais, ando a aprender a contorná-los.

 

Saberiam que a minha amiga, aquela que nunca vem ver o meu blog, foi operada e eu, com o maior prazer do mundo, vou buscar-lhe o filho à escola. Saberiam que um destes dias me esqueci de o ir buscar, porque estive ocupada demais a não ser cópia, a não ser sombra, na escola. Saberiam que não me desculpo esse esquecimento e que percebi que não faz mal ser um bocadinho cópia, um bocadinho sombra, mas faz muito mal esquecer o filho de um amigo na escola.

 

E agora, que já cometi a inconveniência de escrever um post do tamanho de uma tese, vou preparar o jantar porque logo há rendez-vous.

 

...aqui, deste lado da montanha.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Noite branca

por Ni, em 28.06.10

Gosto de tardes de domingo ao sol, a bebericar, a petiscar, a conversar e parece-me que os meus filhos estão a "arranjar casa" na vida de que eu gosto, a fazer-se a ela, a fazer-se aos meus amigos e isso é bom.

 

Falta apenas perceberem que as tardadas não significam noites sem dormir .

 

...aqui, deste lado da montanha.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Dias de generosidade

por Ni, em 13.06.10

Aos meus filhos, ofereço todos os meus livros, porque neles estão as histórias, as emoções, as aprendizagens, as personagens que eles hão-de rever, tantas vezes, nas suas vidas.

 

Ao meu marido, dou tudo o que escrevi, as minhas cartas, os meus diários, os meus apontamentos, as minhas canções, os meus poemas, os meus amores, os meus ódios, as minhas paixões, as minhas raivas, as minhas palavras, a minha intimidade.

 

À minha mãe, dou a flor mais rara do mundo, porque, por mais que eu lhe dê, há-de ser sempre pouco, comparado com o tanto que ela me dá.

Ao meu pai, dou uma sepa, porque o seu trabalho, a sua paciência e generosidade transformá-la-ão numa vinha enorme repleta de frutos.

 

À minha linda irmã, ofereço uma paleta de cores para ela (continuar a) encher as vidas dos que a rodeiam de cores.

Ao meu cunhado, dou um plantel porque a determinação também distingue um campeão.

 

À minha sogra, ofereço uma outra casa minha para ela encher de rendas, croché, ponto cruz, artes decorativas, bibelots e jarras com molhos de cravos e rosas e gladíolos e camélias, porque por trás destas diferenças está o respeito e o carinho grande.

Ao meu sogro, dou os meus jogos, para que continue a ser o avô que joga às cartas e ao dominó e vai ao café estar com os amigos.

 

Aos meus amigos, dou um banco, uma cadeira, uma espreguiçadeira, um sofá, uma poltrona, uma rede brasileira, para aí comermos, rirmos, jogarmos, chorarmos, conversarmos, fofocarmos, dançarmos.

 

...aqui, deste lado da montanha.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Saltar a linha

por Ni, em 07.06.10

Na minha abstinência forçada de bebidas alcoólicas , deprime-me ver alguém com os copos. A linha entre o estar alegre e o estar bêbado é demasiado ténue para se distinguir quando se está sóbrio e, provavelmente, quando se salta a linha, alguém sofre com isso.

 

 

 

...aqui, deste lado da montanha.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)


Presente sem embrulho

por Ni, em 04.06.10

Tu disseste-me logo que íamos ser amigas. Eu não respondi, mas pensei que estavas enganada. Durante muito tempo tentei convencer-me de que estavas enganada. Somos diferentes e eu gostava de usar a minha armadura anti-amigas novas...

 

Abriste-me a tua casa, "emprestaste-me" os teus amigos, apresentaste-me à tua terra e eu tremi de insegurança por ter vontade de te chamar amiga.

 

Tu entraste, assim, inesperada, na minha vida e demos gargalhadas juntas, meias entoldadas pelas caipirinhas. Demos garagalhadas sóbrias. Abraçámo-nos. Dançámos até cair ( e afinal há alguém que demora mais tempo a cair que eu...) e eu comecei a pensar que gostaria de poder chamar-te amiga.

 

Viste as minhas lágrimas e um pouco da minha alma. Eu vi as tuas lágrimas e um pouco da tua alma. Conhecemo-nos na tristeza.

Levaste-me bolos cheios de doçura, de amparo e carinho, no momento mais triste da minha vida e foste solidária a comê-los comigo. E eu senti-te amiga. 

Levaste-me lembranças cheias de alegria, de esperança, de desejos de felicidade, nos dois momentos mais felizes da minha vida e foste a única a fazê-lo, para além da minha família. E eu senti-te uma amiga da família.

 

Eu quis não ser tua amiga, mas tu conquistaste-me com a tua inteligência, a tua boa-disposição, o teu ombro amigo, a tua teimosia, o teu humor, a tua capacidade de te entregares, a tua generosidade, a tua amizade.

 

PARABÉNS, AMIGA!!

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)


O outro lado da felicidade

por Ni, em 02.06.10

Chegam as noites quentes e saímos de casa, juntamo-nos em casa de uns amigos, à volta de um grelhador, com sardinhas a saltar aos olhos ou entremeadas para os menos marinheiros, e jogamos frases para o ar, e vamos ficando mais leves e os miúdos correm aos gritos, felizes por aquela liberdade fora-de-horas (ainda faltam uns dias para o fim de semana!) e tudo parece bem e pensamos que somos felizes.

 

 

Depois, deitas-te à meia noite e meia, acordas às duas e às cinco e tens de ir preparar um biberão, despertas, custa-te a adormecer novamente, acordas às sete e tens que te levantar e, quando te levantas, o miúdo decide que hoje é para chorar e acorda a irmã, que vem, a chorar, dizer que não consegue dormir porque o irmão está a chorar... E o miúdo chora durante todo o tempo até sair de casa e a miúda chora porque não sabe do livro novo e tu sais de casa e pensas que falta-te dormir um pouco para ser feliz.

 

...aqui, deste lado da montanha.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Coisas boas da vida

por Ni, em 03.05.10

Espreguiçar-me num puff, na varanda de minha casa, no meu jardim, com vista para a minha montanha...

... beber um café, e atirar conversa fora, com uma amiga com quem não estava há algum tempo, enquanto as miúdas brincam na relva e os maridos revisitam momentos da infância.

 

... aqui, deste lado da montanha.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Lúcia

por Ni, em 02.10.09

 A improbabilidade era de 99 em 100, mas o 1, por vezes, vale mais do que 99. No centro comercial de Torres Vedras:

 - Olá! (grande sorriso, como sempre lho conheci) Estás boa? (dois beijinhos)

- Tudo bem? (retribuo)

- Por aqui?! (faço cara de espanto a querer dizer "pois, eu sou daqui...) Estás outra vez assim? (aponta para barriga e faz-lhe um mimo, sempre com o tal sorriso aberto, de quem esteve comigo ontem à tarde)

- É. E tu? Trabalhas aqui, agora?

- Não. Vim a uma reunião. (Aponta para o Jumbo)

- Nunca mais deste notícias...

- Pois, é a vida... (sorriso)

- Hum...

(constrangimento)

- Tchau. Beijinhos.

- Tchau! 

 

Este encontro realmente aconteceu??? Esta pessoa existe?

Autoria e outros dados (tags, etc)


Um abraço

por Ni, em 03.07.09

O beijo perdeu a intimidade. Dou um beijo a um estranho a quem acabei de ser apresentada (e que talvez nunca mais veja), dou um beijo a um colega de trabalho que fez anos (mas com o qual evito cruzar-me, para não ter de ouvir as suas penas), dou um beijo a um familiar (que não via desde o casamento da outra prima, no Verão passado), dou um beijo aos amigos no café, dou um beijo aos meus pais, dou um beijo à filhota e ao marido. O beijo perdeu a intimidade. O beijo vulgarizou-se, banalizou-se, caiu (literalmente) nas bocas do mundo.

Mas um abraço, ah, um abraço... Um abraço é contacto, é tempo, é disponibilidade, Um abraço é força, é apoio, é carinho. Num abraço ponho um pouco de mim. Um abraço (tive ontem a confirmação) muda o nosso dia, muda a nossa disposição, muda a nossa vida.

A quem dou um abraço? A poucos. Quem me dá um abraço? Poucos. Mas há abraços bons, abraços que nós conseguimos recordar melhor do que todos os beijos que já recebemos. Há abraços que, só por pensarmos neles, nos dão todo o calor de um corpo que não é o nosso.

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Arquivo

  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2014
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2013
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2012
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2011
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2010
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2009
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D