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Não acredito em relações à distância. Não acredito em amores à distância, nem namoros à distância, nem casamentos à distância. Perdoem-me os crentes. Também não acredito em amizades à distância. Todos sabem.
Mas acredito em pessoas-catos. Adoro catos. Acho que foi uma outra das heranças da Tia. Os catos são maravilhosos. Não precisam de cuidados diários, aguentam muito tempo sem serem regados, sobrevivem a grandes ausências...
Tenho, pois, alguns amigos-catos. Passamos algum tempo separados, mas, no reencontro, umas gotas de água são suficientes para os alimentar.
Ah! E nunca confiem na morte de um cato. Têm uma capacidade surpreendente de renascer com qualquer gestinho mínimo de amor. Vejam só: como prenda de anos da minha filhota, a minha avó Mimi, (a avó das prendas estranhas e inesquecíveis que tanto podem ser areia do chão de um qualquer sítio onde foi, uma caixa de fósforos ou uns versos nas asas de um anjo) enviou-lhe um chocolate e uma folha de um cato. A folha esteve esquecida num saco de plástico uns quinze dias, depois, mais um mês para eu me lembrar de a enterrar em qualquer lado, só para não ir para o lixo, a ver o que é que dá. Hoje, isto:
(é a do cantinho da esquerda, cheia de flores)
A propósito, sabiam que todos os catos têm flores? A Tia dizia sempre "um dia veio cá a casa o Doutor Qualquer Coisa (que devia ser, pela solenidade que emprestava à voz, um entendido no assunto) e disse-me que todos os catos dão flores, podem levar anos, mas dão". A verdade é que quando resolvi que aqueles catos precisavam de um bocadinho de terra nova, vasos novos, amor novo, um dia cheguei lá a casa e um cato em que eu nunca vira flor, nos muitos anos em que por ali andei, de repente, surgiu-me assim com uma flor tão imensamente bela que julguei que alguém ali tinha posto um flor artificial...
...aqui, deste lado da montanha.