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As coisas parecem vir ao meu encontro e entrar em mim, com uma urgência que, por vezes não sei explicar. As palavras, mais do que tudo o que possa imaginar, cercam-me e, já o expliquei uma vez, atormentam-me até ganharem sentidos. Inicialmente, isso espantava-me, como o espanto de uma criança que, depois da espera, descobre que debaixo da casca de um caracol há algo que se mexe. Depois, habituei-me. Habituei-me a deixá-las acompanhar a minha vida, como bem lhes apetece.
Agora, isso parece acontecer com mais coisas para além das palavras. As músicas, os sons, os livros, os cadernos, os objetos...
Não tenho diário. Não tenho agenda. Tenho um livrinho de apontamentos, que tem palavras, contas, ideias, lembretes, telefones, uma misturada, tal como a vida é. Normalmente, compro um por ano. O ano passado resolvi escolhê-lo com muito cuidado, já sabendo o fim a que se destinava. Devia saber que não sou eu qiue procura as coisas, são elas que me procuram a mim. O meu escolhido foi um fracasso que não passou além das quatro folhas todas bem escritas, certinhas, sem folhas rasgadas, riscadas, adiadas, incompletas... sem nada de mim.
Este ano, não quis livrinho de notas.
E hoje, ele encontrou-me.
...aqui, deste lado da montanha.