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Enquanto desfio as linhas dos relatórios-cogumelos que ainda tenho de fazer, há palavras que me aliciam para fugir da "Introdução- clarificação dos motivos...", que me desencaminham das "Metodologias utilizadas", que dentro da minha mente vão soando "Amo-te, Flor!". Decidida, reflito sobre a mudança de práticas, mas de novo "Não me deixes, Flor!"
Zango-me! Preciso mesmo de terminar este relatório! "Que eu me sinto em flor/Quando vivo em ti!"
Não adianta. Desisto. Rendo-me. Tenho de as encontrar, tenho de vasculhar os papéis, porque elas chamam por mim, gritam-me. Não consigo concentrar-me com tanto barulho na minha cabeça.
Num álbum antigo, descubro as palavras que não são minhas, recortadas em papel quadriculado amarelecido:
Amo o silêncio
do teu silêncio
quando em silêncio
me vens beijar.
Teu corpo azul
é mais azul
que o mais azul
azul do mar.
Amo-te, flor!
Não me deixes, flor!
Que eu me sinto em flor
quando vivo em ti!
Sinto saudades
de sentir saudades
por essas saudades
que ontem senti.
À sombra dos meus desejos,
quem me dera naufragar.
Lava-me a boca com beijos
Leva-me para o alto mar.
Palavras adolescentes de um amor adolescente. Silêncio... Posso, enfim, voltar para os meus relatórios.
...aqui, deste lado da montanha.