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Os dias de tristeza e desânimo vão-se sobrepondo, como camadas de orvalho que se vão colando à pele e das quais não consigo escapar. A gravidade é apenas relativa. Sucedem-se noites mal dormidas, vómitos, choros, febres, tosse... Sucedem-se as idas ao hospital. Sucedem-se os momentos de desalento em que receio uma nova hora, pelo receio do que a nova hora traz. A gravidade é relativa. Não mata, mas mói. E, por vezes, sinto-me fraca, querendo cair, querendo dormir e acordar e ser tudo diferente.
E eu pergunto-me a cada momento "e agora? vou poder sentir-me feliz? e agora? e agora? e agora?..."
Hoje, baixei os braços, incapaz de continuar a lutar, sou um trapo, deixo-me levar pelo passar das horas, sou um trapo, sou um trapo de coração triste...
E as pessoas não compreendem. Ninguém compreende. Nem tu, amor.
Tenho tudo o que quero. Tenho tudo o que quase toda a gente que eu conheço quer...
E nenhum tempo para a minha solidão. Preciso de estar sozinha. Quero estar sozinha. Quero estar eu. Apenas eu... Quero escrever, escrever, escrever, até que as lágrimas levem todo este orvalho que se me pega à pele, entranhado, frio, incómodo. Mas nenhum tempo para a minha solidão...Nenhum tempo para chorar...
Não me telefonem a perguntar se está tudo bem, porque... sim, está tudo bem...
...aqui, deste lado da montanha.