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Vejo a chuva atirada contra os vidros da janela, ouço o vento nos ramos da pequena oliveira do jardim, adivinho o frio do lado de lá das portas, mas aqui dentro, com a lareira acesa, os miúdos atarefam-se a escolher bolas, a atirá-las ao ar, a estender fitas, a colocar estrelas. Nós dois brindamos com um bom vinho, olhamo-nos, sorrimos, tentamos preencher os minutos em que não temos tempo, apenas não temos tempo. Ouvimos músicas de Natal, enquanto a miúda tenta perceber o que são aqueles bonecos de barro, porque é que o burro está ao pé do bebé, diz "coitadinho, não tem roupa" e nós sorrimos e os nossos olhos dizem que apenas não temos tempo, e que somos felizes.
De repente, as urgências e a ambulância já estão longe, os pontos na cabeça do miúdo lembram-nos, apenas, a sua traquinice e podemos respirar um pouco aliviados, porque há instantes que valem horas.
...aqui, deste lado da montanha.