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O beijo perdeu a intimidade. Dou um beijo a um estranho a quem acabei de ser apresentada (e que talvez nunca mais veja), dou um beijo a um colega de trabalho que fez anos (mas com o qual evito cruzar-me, para não ter de ouvir as suas penas), dou um beijo a um familiar (que não via desde o casamento da outra prima, no Verão passado), dou um beijo aos amigos no café, dou um beijo aos meus pais, dou um beijo à filhota e ao marido. O beijo perdeu a intimidade. O beijo vulgarizou-se, banalizou-se, caiu (literalmente) nas bocas do mundo.
Mas um abraço, ah, um abraço... Um abraço é contacto, é tempo, é disponibilidade, Um abraço é força, é apoio, é carinho. Num abraço ponho um pouco de mim. Um abraço (tive ontem a confirmação) muda o nosso dia, muda a nossa disposição, muda a nossa vida.
A quem dou um abraço? A poucos. Quem me dá um abraço? Poucos. Mas há abraços bons, abraços que nós conseguimos recordar melhor do que todos os beijos que já recebemos. Há abraços que, só por pensarmos neles, nos dão todo o calor de um corpo que não é o nosso.