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Aos meus amores:
Acordo com as lágrimas nos olhos. Um mau dia. Um dia negro.Não encontro as razões, mas ocorrem-me ideias sombrias que me trazem ainda mais lágrimas: o sono acumulado, por uma noite em que o bebucho quis mais leitinho do que o normal; os dias rotineiros fechada em casa; este maldito tempo que não melhora (eu quero mesmo muito viver num país tropical em que o sol brilhe todo o ano); o meu amor que sai para uma exposição (e eu, racional, sei que não o posso acompanhar e, mais racional ainda, sei que ele tem de ir); os dois pirralhos, com quem tenho de ficar, novamente, sozinha; um ombro amigo a quilómetros de distância; ou, apenas, o desconforto hormonal de um pós-parto... e nem um motivo para sorrir. Não me apetece tirar o pijama. Apetece-me ficar na cama. Chorar.
A miúda reclama por mim. Tenho de ir às compras, para o almoço... com os dois... Então, visto-me e saio. Decido tomar um café e comprar um pastel de nata para a princesa. Quando está quase a terminar, ela levanta-se e eu, zangada, pergunto-lhe onde é que ela vai. Ela não me responde (e eu preparo-me para lhe dar um sermão sobre a licença para sair da mesa), contorna a mesa e, inesperada e carinhosamente, dá-me um beijo e começa a salvar o meu dia .O preto talvez não seja assim tão preto, há ali um cinzento a espreitar . De repente, talvez possamos ir passear, nós os três, acho que está a começar o festival do chocolate, ou vamos, sei lá, a qualquer lado. Sim, claro, vamos almoçar e sair de casa.
Almoçámos e, sem festival do chocolate, começava, novamente, a achar que talvez o melhor fosse ficar a curtir as mágoas. Toca o telefone e era o meu amor a dizer que estava mesmo a chegar (JÁ???). Saímos para qualquer lado e, de repente, ir ao centro comercial num domingo à tarde parece-me o programa mais apetecível do mundo e eu entro no carro como se o nosso destino fosse uma praia paradisíaca... O homem da minha vida, também, tinha salvo o meu dia. Vejo tudo claro e sorrio, apaixonada .
Depois, bem, depois, o dia ficou brilhante e solarengo. O meu homem lindo viu-me com uns sapatos nos pés, que eu experimentei só para ver como ficavam e, enquanto eu desapareci uns minutos para amamentar o bebucho (que se portou lindamente) ele decidiu comprar-mos e oferecer-mos. E eu fiquei linda e maravilhosa com eles. E senti-me num dia bom. E adorei a minha vida.
...aqui, deste lado da montanha.