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A Tia morreu. Prefiro esquecer os últimos meses em que não a reconhecia e recordar a pessoa adorável que ela sempre foi para mim. A Tia era a matriarca da família do meu marido. Tinha uma gargalhada maravilhosa, um abraço acolhedor, uma mentalidade jovem.
Pouco tempo depois de me conhecer, convidou-nos a ficar nos anexos, quando íamos de fim-de-semana. Dizia que ninguém os usava, que lá estávamos à vontade. E estivemos. Sempre. Nunca me senti uma intrusa ou, sequer, uma visita. Nunca ela invadiu a nossa privacidade. Nunca lá entrou sem ser convidada e, no entanto, a casa era dela.
Muitas vezes ia para ao pé dela, na sala, na adega, ou no quintal, e ficávamos juntas, conversávamos. Eu gostava das ideias dela, dos valores dela, da franqueza, às vezes dura, dela. Mas o que mais admirava nela era a capacidade astuta de ler as pessoas e distinguir os sentimentos sinceros dos interesseiros.
E, assim, recordá-la-ei no carreirinho do quintal, que era uma jardim, rodeada pelas suas roseiras e cheia de gargalhadas para nos dar. E gostaria de morrer assim, aos 90 anos, com alguém a recordar-me como eu a recordo a ela.
...aqui, deste lado da montanha.