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Aos quarenta não te apetecem posts sobre o melhor de 2014. Aos quarenta, sabes que a vida são dois dias, e um já passou. Aos quarenta é como se pudesses começar tudo de novo, e saber o que já sabes. Recomeças (e eu adoro recomeços!).
Aos quarenta és imensamente feliz com o que conquistaste e mais feliz, ainda, porque tens planos e sonhos para conquistar. Viajaste e tens tantas viagens para fazer. Aprendeste e tens tanto para aprender. Dançaste e tens tantas músicas para dançar. É aquilo que nos falta fazer amanhã que dá magia à vida.
Não faço o balanço de um ano, mas sim de quarenta, porque não quero escrever sobre a doença que assombrou este ano, nem das noites solitárias, nem da morte da mãe do meu amor grande a quem disse as últimas palavras, nem do choque de me morrer nas mãos uma colega de hidroginástica. Não quero! Quero, antes, escrever sobre a vida que brilha nos olhos dos meus filhos, sobre o calor dos braços do meu homem e gritar, e brindar, ao nascimento do meu mais novo pequeno-amor-sobrinho-afilhado. Por isso, não faço o balanço de um ano, mas sim de quarenta...
De todos os meus aniversários este foi o melhor de todos, porque me agrada esta pessoa em quem me vou tornando todos os dias um bocadinho. Amo, sou amada e tenho prazer em viver!
Fiz quarenta anos, e isso foi o melhor que me aconteceu em 2014. Sem lamechices.
Isso e... ter voltado a escrever no outro lado da montanha! Os meus dois, vá lá, três leitores estavam cheios de saudades, não?
...aqui, deste lado da montanha.
Devia escrever sobre 2014.
Mas para o ano que termina as palavras são poucas, escassas e fugidias, ainda.
Os dias sucederam-se numa luta inglória contra um inimigo que acabou por vencer. Foi o ano em que fiquei mais pobre, menos amada, mais sofrida. Foi o ano em que percebi que o cancro é uma doença que consome tudo à sua volta. Não apenas um corpo, não apenas uma pessoa, mas principalmente a vontade, a esperança. Agora, tudo é só ausência e saudade.
Se pudesse dizer numa palavra o que foi 2014, se todas as emoções, as lágrimas, os conflitos, os sentimentos coubessem num palavra, essa palavra seria VIDA. Fugaz, imensa, valiosíssima VIDA.
...aqui, deste lado da montanha.