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O outro lado da biblioteca

por Ni, em 09.05.14

 Fomos à Biblioteca Municipal. Peguei no miúdo. Escondi a tristeza de quem não pode continuar a fingir que tem dinheiro para comprar livros todos os meses e lá fomos. À chegada, um aviso prometia-nos o paraíso.

 

 

 

 

 

Lá dentro, a desilusão.

Não sei por que não saí assim que senti o cheiro de livros quietos nas estantes. Não sei porque não saí quando vi as mesas despidas de livros, com uma ténue camada de pó a anunciar a falta de uso. Não sei por que não saí, quando a senhora na receção me disse, desolada, que os computadores não sei o quê, e não conseguia imprimir e não havia, afinal, cartão de leitor. Não sei porque não saí quando a senhora me disse, conformada, que não havia livros novos... há meses. Fizera-se a Biblioteca. Um edifício majestoso, a ocupar o espaço todo, a ver-se em toda a volta. Não sobrara dinheiro para os livros. {#emotions_dlg.nostalgic}

Confesso que me envergonhei por ter levado o meu filho. Não queria que ele ficasse com aquela impressão de que a Biblioteca é aquele lugar deprimente, vazio e solitário. Como é possível que eu leve o meu filho a uma qualquer livraria e ele me peça este e aquele e o outro livro, e quando eu o levo à biblioteca ele me pergunte duas vezes se já podemos ir embora? Sniff..

 

À saída apetecia-me corrigir o cartaz:

AVISO: a leitura precisa seriamente de livros!

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Ao longo destes 20 anos (credo!) com o homem da casa, em que apenas nos comprometemos a estar juntos até que um de nós deixe de ser feliz, sempre tendi para a ciumeira das mulheres que não conheço, mais do que das que conheço bem.

 

Não deveria ser assim, bem o sei, racionalmente; mas conhecer os pontos fracos da outra, sabê-la cheia de celulite e  defeitos de feitio, tão perversos ou piores do que os meus, sempre me deu uma espécie de conforto a possibilitar o contra-ataque. Por isso prefiro as que conheço às estranhas, que me deixam na incerteza de saber com que armas me hei de bater.

 

Mas, a pior, a pior, a mais terrível e assustadora é a rival virtual. Essa é imbatível.

Está sempre linda e maravilhosa - não há mulheres feias na internet, veja-se como referência os perfis do facebook.

É inteligente, porque o plágio é fácil demais, e a inteligência está ali mesmo à mão de um outro separador.

Desliga-se  (só a palavra já deixa qualquer homem excitado) quando aborrece - ah! desculpa lá, mas estou a ficar sem bateria, ou, agora tenho de ir ali salvar uma velhinha e volto já.

Está lá quando é precisa, por mais inconveniente que seja a hora, por mais despropositado que seja o local.

E, melhor do que tudo, o nocaute de qualquer tentativa vã de a suplantarmos, não tem mau hálito...

 

...aqui, deste lado da montanha.

 

 

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Zenergias

por Ni, em 05.05.14

Na hora indecisa entre o ontem e o amanhã, não posso já falar do dia da mãe; não posso ainda deixar de falar do dia da mãe. Voltei ao Zmar. E ainda bem. 

É campismo, com o conforto de uma casa; é hotel, com espaço, muito espaço, ao ar livre para os miúdos; é feito a pensar nos pais, porque há mil atividades para os filhos, é ecológico, sem faltar nada. Gostei.

Mais ainda, porque houve tanto sol! E nós andávamos desesperados de desejo do sol...

 

Regarregámos as baterias. Fizemos uma pausa na incerteza que têm sido estes meses estranhos desde o início do ano.

 

Amanhã?! Não sabemos o que nos espera...

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Tenho borboletas na barriga. 

Sabem aquele dia antes de partir de viagem? Sabem aquela hora em que fazem as malas e, mentalmente, antecipam todos os momentos da viagem que vão fazer? Sabem o momento em que chegam ao outro lado? É isso que me deixa borboletas na barriga. Partir. A iminência da partida.

 

E por cada dia sem partir, duplica-se-me a vontade. Assim, este ano pedi prenda do dia da mãe. Nem Chanel, nem Prada, nem sequer Zara. Nem diamante, nem relógio, nem pulseira. Apenas e só a possibilidade de partir. A possibilidade de ir a qualquer lado bom, onde o sol espreite, e os sorrisos abundem. E os meus filhos ( com a supervisão do homem da casa) fizeram-me a vontade.

 

Por isso, tenho borboletas na barriga e levei a tarde toda a dançar. Com os meus filhos!

Haverá prenúncio melhor para o dia da mãe?

 

...aqui, deste lado da montanha.

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Key for Sheeps

por Ni, em 01.05.14

Ainda a propósito do tempo e do que fazemos com ele, ontem foi dia de Key for Schools. 

E, antes que se aventurem a pensar o contrário, gosto de ser professora. Gosto de ensinar. Gosto de dar aulas. Gosto da escola.

Ontem foi o dia de Key for Schools. Disseram-nos que tínhamos de reunir. Reunimos duas horas para conhecer procedimentos, que, na maioria, não entendíamos porque despropositados. Disseram-nos que não podíamos dar aulas, porque as salas eram precisas. Não demos aulas. Os alunos que não faziam o KFS foram enviados para casa. Disseram-nos que tínhamos de vigiar os alunos e fazer exclusivamente o que estava descrito nos procedimentos. Vigiámos os alunos e fizemos o que estava descrito nos procedimentos: 30 professores.

 

Dizem-nos que os alunos vão ficar a ganhar com o certificado. Os alunos pagam 25 euros pelo certificado. Dizem que os professores ganham formação de Inglês com o KFS. Só os professores corretores ( de Inglês) vão receber formação. Para corrigir as provas!

 

Expliquem-me lá, como se fosse pequenina, para ver se não me sinto tão ovelhinha assim, a ser conduzida para um penhasco cheio de pedragulhos: o que é que o Ministério da Educação ganha com isto? o que é que a educação dos meus meninos ganha com isto? Se as horas em que estive a trabalhar são pagas pelo Ministério da Educação, logo, por mim e pelos pais dos meus alunos, por que é que eles têm de pagar ainda mais pelos certificados? Ou será que o meu trabalho foi um "empréstimo" ao Cambridge English Language Assessment? 

Dúvidas, dúvidas. Ninguém me esclarece. E lá continuamos, pelos dias, cada vez mais ovelhinhas, mas agora, se tudo correu bem, com certificado!

 

...aqui, deste lado da montanha.

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O outro lado do tempo

por Ni, em 01.05.14

Dizem-me "não tenho tempo para praticar desporto, não tenho tempo para um hobbie, não tenho tempo para estudar, não tenho tempo (imagine-se!!) para ler"... e eu, bem, eu parece sobrar-me tempo da falta de tempo que tenho.

Dizem "não tenho tempo para", como se não tivessem tempo para viver, quando a mim me parece que o tempo é todo, todo, para viver.

 

É verdade que às vezes julgo que os dias têm o dobro das horas. É verdade que as vezes pareço meio louca, apressada a enganar os minutos. Mas, no fim, são estes os bons dias vividos.

Entre um trabalho sem horários muito definidos, que se prolonga em reuniões intermináveis pela noite fora, entre os filhos na piscina, e na ginástica, e no parque, e na escola, entre as aulas de Mestrado em horário pós-laboral (o que é isso?), entre os dias em que sou mãe e pai e avó e avô e tia e vizinho, porque a família está longe, e o pai anda às voltas com o seu tempo, entre conversas de hospital e quimioterapia, entre as corridas de fugida no intervalo de dois tempos e as braçadas na piscina durante a aula de natação da miúda e o jantar que ainda tenho de ir comprar, entre uma página do último livro comprado e um amigurumi feito, desfeito e refeito, ainda encontro tempo para sentir o sol na pele... e é aí que o meu tempo se expande... entre o sol e os meus amores.

 

...aqui, deste lado da montanha.

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