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E se o chão desabar, que nos leve aos dois...
Fui à praia com os meus filhos. A primeira vez este ano... Agradecidos, não pararam de me mimar. És tão querida, mamã! És tão linda, mamã! A tua pele é tão macia, mamã! Parece mesmo que tens um bebé na barriga, mamã!
A dureza da sinceridade infantil no seu melhor. E andava eu preocupada com a celulite...
...aqui, deste lado da montanha.
"Quando, nos dias, a tristeza negra da pressa das horas me assola, insisto em avivar os momentos em que a minha pele é a tua. Quando, nos dias, a tristeza negra dos outros me aflige, restam-me as possibilidades infinitas deste amor."
...aqui, deste lado da montanha.
Quase dois meses passados, posso apresentar os resultados da minha experiência. Para que todos saibam: os cremes para a celulite, quando utilizados duas vezes por mês, e mantidos imobilizados em cativeiro no armário da casa de banho, têm uma eficácia de 0%.
...aqui, deste lado da montanha.
Esqueçam isto . Tenho a dizer que não conseguimos passar das fotografias bonitas e dos gosto no facebook, e-mails e afins. Na realidade, na vida prática e concreta, e não virtual, as mulheres não podem levar os filhos, nem os de três anos, silenciosos e sossegados, às reuniões, pelo menos, não nas escolas, pelo menos não na minha escola.
Não falo dos meus filhos, esses não são silenciosos nem sossegados, cabe-lhes um lugar num canto da sala de professores em frente ao computador, enquanto eu rezo para que o filme não termine antes da reunião. Não falo de mim, que já dei muitas faltas ao trabalho, primeiro porque sim, e porque estava a míseros 500km de casa, e depois porque os meus filhos adoecem à velocidade de um ai. Falo de uma colega que há duas semanas atrás comentava comigo que nunca tinha dado uma falta ao trabalho. Nunca. Nem por assistência à família... Nem por doença... Nunca. Nem uma falta.
Hoje, numa reunião às sete da tarde(os professores, realmente, não fazem nada), depois de ter passado o dia todo na escola a matricular alunos (porque os professores quando tiram os cursos têm de ficar aptos para trabalhos burocráticos e administrativos), depois de ter ido a correr buscar o filho para não se atrasar entre as seis e meia e as sete, depois de pegar meia dúzia de lápis e uma folha, depois de enfiar um pão com fiambre na boca do filhote, é obrigada a sair da reunião, porque o filho não podia lá estar. Argumento: ia haver votação. Já disse que o filho em questão tem três anos, não disse?
Não, não estamos na Itália...
...aqui, deste lado da montanha.
Hoje era aquele dia em que eu, depois de semanas de trabalho intensivo, de reuniões intermináveis e de algum suborno ao chefe, com a enviesada declaração de que iria passar o dia agarrada ao computador, sabendo que não seria o dia, mas antes a noite; deixando os quilos de roupa por passar para trás, esquecendo as limpezas de verão, fechando os olhos à impossibilidade de conseguir passar entre as divisões da minha casa sem tropeçar nalguma tralha que está fora do lugar, iria à praia. Todo o dia. Sozinha.
Hoje, depois de mais uma noite em que o meu filhote fez questão de me lembrar que as noites de mãe não são para dormir, acordo, ou melhor, sou acordada, adivinhem por quem... pensaram em filhos? acertaram; ensonada, ouço no rádio da casa de banho "blá-blá descida de temperaturas, blá-blá-blá possibilidade de chuviscos"... Ah, vá lá, S. Pedro, eu não me porto assim tão mal, porto? Ou é mesmo brincadeira de mau gosto?
...aqui, deste lado da montanha.