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Estou triste. Não exclusivamente por mim, mas por uma amiga. Não tenho jeito para as palavras, elas atropelam-se e dizem sempre outra coisa do que quero dizer. Escrever é mais fácil. E não, não me enganei no título. Não quero falar de amizades, nem tristezas, mas, outra vez, desta descoberta constante de ser mãe.
Há o amor desmedido, incomensurável, sempre, inquestionável, inabalável. E, depois, há o outro lado de ser mãe: a culpa.
Ser mãe é ser incapaz de viver para lá dessa sensação de talvez, de dúvida, de incerteza, de culpa. Esta coisa que nos assalta, assombra, a propósito de tudo, desde sempre.
Se o meu filho é agitado, bebi café demais durante a gravidez;se tem cólicas, comi laranjas durante a amamentação; se é pequenino, dou-lhe comida a menos; se é gordinho, dou-lhe comida demais; se está constipado, não lhe pus o casaco; se está constipado, não lhe tirei o casaco; se esteve internado com varicela, não tive cuidado; se o médico o medicou mal, eu levei-o ao médico; se tem alergias, dei-lhe ventilan a mais; se tem falta de ar, não lhe dei ventilan suficiente...
Na verdade, são dois lados de um mesmo amor. Quem ama preocupa-se, questiona-se, culpa-se. Por isso, embora uma mãe julgue sempre que a sua culpa é única, ela é, apenas, a maior. Porque há outras culpas, já que há outros amores...
Na verdade, fizeste o que estava certo, levaste-o ao médico. Na verdade, não há erro. Na verdade, não há culpa, ou então há uma culpa partilhada: minha, dos avós, dos tios, dos amigos. A culpa do outro lado do amor. E isso não se devia aprender só quando se é mãe, o Aviador ensinou ao Principezinho que, quando cativas alguém, sabes que "te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Eu também sou responsável pelo teu filho.
...aqui, deste lado da montanha.